📝RESUMO DA MATÉRIA
- Baixos níveis de magnésio, principalmente quando combinados com altos níveis de homocisteína, aumentam bastante os danos ao DNA em adultos saudáveis, acelerando o envelhecimento celular e aumentando o risco de doenças crônicas degenerativas.
- O magnésio desempenha um papel crucial na replicação, reparo e estabilidade do DNA. Ele atua como cofator para enzimas envolvidas nesses processos e ajuda a manter a estrutura de dupla hélice.
- O magnésio é essencial para a saúde do cérebro, regulando os receptores NMDA, modulando as respostas imunológicas e atuando como antioxidante. Ele também auxilia na plasticidade sináptica, funções de aprendizagem e memória.
- Níveis adequados de magnésio são vitais para o controle da glicose no sangue, sensibilidade à insulina e produção de energia celular. A deficiência de magnésio leva à resistência à insulina e a distúrbios metabólicos, como diabetes tipo 2.
- Para otimizar os níveis de magnésio, considere suplementos como treonato de magnésio, consuma alimentos ricos em magnésio e experimente métodos alternativos, como banhos de sal de Epsom ou aplicação tópica para melhor absorção.
🩺Por Dr. Mercola
De acordo com uma pesquisa publicada no European Journal of Nutrition, existe uma ligação crucial entre os níveis de magnésio e a integridade do seu DNA. O estudo, conduzido com australianos saudáveis de meia-idade, revelou que baixos níveis de magnésio, em especial quando combinados com altos níveis de homocisteína, aumentam os danos ao DNA de forma significativa.
Essa descoberta reforça o papel vital que o magnésio desempenha na manutenção da saúde genética e na prevenção de doenças relacionadas ao envelhecimento. Sendo o quarto mineral mais abundante no corpo, o magnésio está envolvido em mais de 600 reações enzimáticas, incluindo aquelas cruciais para a replicação e o reparo do DNA.
Garantir a ingestão adequada de magnésio pode ser um fator essencial para proteger seu material genético e promover um envelhecimento saudável. De fato, ao analisar vários biomarcadores de danos ao DNA, os pesquisadores esclareceram como a deficiência de magnésio pode acelerar o envelhecimento celular e aumentar o risco de desenvolver doenças crônicas degenerativas.
Os perigos ocultos da deficiência de magnésio
Embora a importância do magnésio para a saúde óssea e a função nervosa seja bem conhecida, seu papel na proteção do DNA é menos reconhecido. O estudo constatou que os participantes com níveis mais baixos de magnésio apresentaram frequências mais altas de micronúcleos (MN) e pontes nucleoplasmáticas (NPBs) em suas células. Esses são sinais característicos de danos ao DNA e instabilidade cromossômica.
Resumindo, quando seu corpo não tem magnésio suficiente, ele tem dificuldade para replicar e reparar o DNA de forma eficiente, deixando seu material genético vulnerável a danos. Essa vulnerabilidade se manifesta como um aumento do estresse oxidativo e maior probabilidade de quebras nas fitas de DNA. Com o tempo, esses efeitos se acumulam, levando ao envelhecimento precoce dos tecidos e órgãos.
A pesquisa sugere que a deficiência crônica de magnésio pode criar um estado de estresse oxidativo persistente no organismo, semelhante aos efeitos observados em deficiências de outros micronutrientes cruciais, como o zinco.
A conexão com a homocisteína: uma faca de dois gumes
O estudo não se concentrou apenas no magnésio; mas também examinou a interação entre os níveis de magnésio e a homocisteína, um aminoácido associado a vários problemas de saúde quando presente em concentrações elevadas. Os pesquisadores descobriram uma correlação negativa significativa entre os níveis de magnésio e a homocisteína. Em outras palavras, à medida que os níveis de magnésio diminuíram, os níveis de homocisteína tenderam a aumentar.
Essa relação é importante porque níveis elevados de homocisteína estão associados a um risco maior de doenças neurodegenerativas, problemas cardiovasculares e complicações na gravidez. Participantes com níveis baixos de magnésio e altos níveis de homocisteína apresentaram a maior frequência de marcadores de danos ao DNA.
Esse efeito sinérgico sugere que a combinação de deficiência de magnésio com níveis elevados de homocisteína pode ser prejudicial à sua saúde genética, acelerando o processo de envelhecimento e aumentando sua suscetibilidade a doenças relacionadas à idade.
Desvendando os mecanismos dos efeitos protetores do magnésio
Para entender por que o magnésio é tão crucial para a integridade do seu DNA, é importante analisar seu papel em vários processos celulares. O magnésio atua como cofator para enzimas envolvidas na replicação e reparo do DNA, como a DNA polimerase e as DNA ligases. Quando os níveis de magnésio estão baixos, essas enzimas não conseguem funcionar de forma ideal, o que leva a erros na replicação do DNA e reparo ineficiente do DNA danificado.
Além disso, o magnésio desempenha um papel na manutenção da estabilidade das estruturas de DNA e RNA. Ele ajuda a neutralizar as cargas negativas dos grupos fosfato do DNA, contribuindo para a estabilidade geral da estrutura da dupla hélice.
O estudo também sugere o envolvimento do magnésio na regulação epigenética e nos processos de modificação de proteínas, que são fundamentais para manter a integridade genômica. Ao garantir níveis adequados de magnésio, você está fornecendo às suas células as ferramentas necessárias para proteger e manter seu material genético de forma eficaz.
O papel do magnésio na proteção do delicado equilíbrio do seu cérebro
A saúde do seu cérebro depende de um equilíbrio delicado de vários processos, e o magnésio desempenha um papel fundamental na manutenção desse equilíbrio. Pesquisas recentes revelam como o magnésio atua como um guardião dos receptores N-metil-D-aspartato (NMDA), que são vitais para o aprendizado e a memória. Ao regular esses receptores, o magnésio ajuda a prevenir a atividade excessiva do glutamato, que leva à inflamação e danos neuronais.
Além disso, descobriu-se que o magnésio influencia a produção da substância P, um neuropeptídeo envolvido na percepção da dor e nas respostas inflamatórias. Baixos níveis de magnésio aumentam a substância P, agravando a neuroinflamação. A interação do magnésio com o cálcio nos seus neurônios é fundamental. Ao limitar a entrada de cálcio, o magnésio ajuda a prevenir uma cascata de eventos que poderiam resultar em inflamação intensificada e lesão neuronal.
Esse equilíbrio também se estende ao papel do magnésio na modulação das respostas imunológicas, especialmente por meio de sua interação com o fator nuclear kappa B (NF-κB), um regulador central dos processos inflamatórios. Ao inibir a ativação do NF-κB, o magnésio ajuda a diminuir a expressão de genes pró-inflamatórios, reduzindo a inflamação geral do cérebro.
O poder oculto do magnésio como antioxidante
Embora, em geral, ele não seja classificado como antioxidante, pesquisas emergentes sugerem que o magnésio desempenha um papel na defesa do corpo contra o estresse oxidativo. Isso é importante para a saúde do cérebro, pois o estresse oxidativo contribui de forma significativa para o declínio cognitivo e doenças neurodegenerativas.
Estudos demonstraram que a deficiência de magnésio está associada ao aumento de marcadores de estresse oxidativo, incluindo lipídios, proteínas e DNA modificados. É importante destacar que o magnésio parece auxiliar os mecanismos de defesa antioxidante do seu corpo. Uma maneira importante de fazer isso é estabilizando a superóxido dismutase (SOD), uma enzima essencial que converte radicais superóxido nocivos em moléculas menos reativas.
Essa estabilização da SOD fornece uma ligação única entre o magnésio e o seu sistema de defesa antioxidante. O envolvimento do magnésio em vários processos celulares, incluindo a função mitocondrial e o metabolismo dos ácidos graxos, contribui ainda mais para seu papel no controle do estresse oxidativo.
Ao dar suporte a esses processos fundamentais, o magnésio ajuda a manter a saúde celular e a resiliência contra os danos causados pelo estresse oxidativos. Essa atividade semelhante à de um antioxidante adiciona uma camada extra às propriedades neuroprotetoras do magnésio, ajudando a retardar a progressão do declínio cognitivo relacionado à idade e dos distúrbios neurodegenerativos.
O impacto do magnésio na plasticidade e na memória do seu cérebro
Descobertas recentes também revelaram o papel do magnésio na plasticidade sináptica, que é a capacidade do cérebro de formar e reorganizar conexões entre os neurônios. Este processo é fundamental para a aprendizagem, memória e flexibilidade cognitiva.
Pesquisas mostraram que o magnésio intracelular presente na extremidade pré-sináptica é fundamental na mediação da transição entre duas configurações sinápticas cruciais: uma envolvida na codificação de novas informações e aprendizado, e outra responsável por armazenar e recuperar memórias. Essa descoberta destaca a importância do magnésio não apenas na manutenção da saúde neural, mas também na formação ativa dos seus processos cognitivos.
Estudos em modelos animais da doença de Alzheimer demonstraram que a suplementação de magnésio melhora a função cognitiva e a plasticidade sináptica. Além disso, em um modelo de Alzheimer em ratos, a suplementação com sulfato de magnésio melhorou a função cognitiva, a plasticidade sináptica e até mesmo a morfologia das espinhas dendríticas (pequenas saliências nos neurônios que recebem informações de outros neurônios).
Essas descobertas sugerem que manter níveis ideais de magnésio pode ser crucial para preservar a função cognitiva à medida que você envelhece.
Magnésio para controle da glicose no sangue e produção de energia celular
O complexo sistema de controle de açúcar no sangue do seu corpo também depende do magnésio. Esse nutriente essencial está envolvido na função das células beta pancreáticas, que produzem insulina para regular os níveis de glicose no sangue. Quando você se alimenta, essas células respondem liberando insulina para ajudar o corpo a armazenar glicose na forma de glicogênio, sobretudo no fígado e nas células musculares.
O magnésio é vital para esse processo, atuando como cofator para enzimas envolvidas no metabolismo da glicose e na sinalização da insulina. Se seus níveis de magnésio estiverem baixos, suas células beta podem ter dificuldade para produzir e liberar insulina de forma eficaz, levando a desequilíbrios nos níveis de açúcar no sangue. Além disso, a deficiência de magnésio prejudica a atividade da glucocinase, uma enzima que atua como um sensor de glicose nas células beta e controla a taxa de entrada de glicose nessas células.
Sem magnésio adequado, a capacidade do seu corpo de detectar e responder a mudanças nos níveis de glicose no sangue pode ficar comprometida, preparando o cenário para distúrbios metabólicos como diabetes tipo 2. Baixos níveis de magnésio também contribuem para a resistência à insulina, alterando a atividade do receptor de insulina e suas vias de sinalização. Por outro lado, a resistência à insulina leva a uma maior perda de magnésio pela urina, esgotando ainda mais os estoques de magnésio do corpo.
Isso cria um ciclo autoperpetuante que é difícil de quebrar. Estudos demonstraram que indivíduos com diabetes tipo 2 tendem a apresentar concentrações intracelulares de magnésio mais baixas em comparação àqueles sem diabetes.
Além de seus efeitos no metabolismo da insulina e da glicose, o magnésio é essencial para os processos de produção de energia das suas células. Ele atua como cofator para diversas enzimas envolvidas na glicólise e no ciclo de Krebs, duas vias fundamentais na geração de energia celular. Na ausência de magnésio em quantidade suficiente, essas enzimas podem não funcionar de forma ideal, levando à redução da produção de energia e a ineficiências metabólicas.
É importante lembrar que os benefícios do magnésio são abrangentes. A ingestão adequada de magnésio ajuda a manter a pressão arterial saudável, auxilia no funcionamento correto dos músculos e nervos e promove ossos fortes.
Também existem correlações positivas entre os níveis de magnésio e outros nutrientes importantes, como folato e vitamina B12, sugerindo que o status de magnésio é um indicador da saúde nutricional geral. Ao priorizar a ingestão de magnésio, você não está apenas protegendo seu DNA, seu cérebro ou seu açúcar no sangue; você também está fortalecendo a função geral e a resiliência do seu corpo.
Como otimizar seus níveis de magnésio
Mais da metade dos americanos não consomem magnésio suficiente por dia, e essa deficiência é ainda mais comum em certos grupos. Várias condições de saúde e escolhas de estilo de vida aumentam a perda de magnésio do corpo. Por exemplo, se você tem diabetes ou bebe álcool com frequência, você corre maior risco de deficiência de magnésio.
Seus níveis de magnésio também são afetados pela falta de sono e estresse. Mesmo curtos períodos de estresse podem reduzir seus níveis de magnésio. Quando se trata de suplementos, eu prefiro o treonato de magnésio porque ele é muito bom para entrar nas células, incluindo as do cérebro e das mitocôndrias.
No entanto, se você é novo no uso de suplementos de magnésio, é melhor começar devagar com o citrato de magnésio para encontrar a dose certa para você. Esse método, chamado de “tolerância intestinal”, ajuda você a determinar a quantidade de magnésio que seu corpo precisa. Assim como a vitamina C, o excesso de magnésio ingerido por via oral resulta em fezes moles, indicando que você ultrapassou sua dose ideal. Essa proteção natural torna a toxicidade do magnésio bastante improvável.
Comece com 200 mg de citrato de magnésio por dia e aumente de maneira gradual até notar que suas fezes estão ficando um pouco mais moles. Isso indica que você encontrou sua dose ideal. A partir daí, experimente outros tipos de magnésio, se desejar.
Tome treonato de magnésio com ou sem alimentos. Se você também estiver tomando suplementos de cálcio, é bom tomá-los juntos. Entusiastas fitness podem se beneficiar de uma rotina pré-treino que inclua cálcio e magnésio na proporção de 1:2. Embora uma proporção de 1:1 de magnésio para cálcio seja muitas vezes recomendada, a maioria das dietas já é rica em cálcio. Então, você pode precisar de duas a três vezes mais magnésio do que cálcio em seus suplementos para equilibrar essa proporção.
Lembre-se de que os exames de sangue nem sempre são confiáveis para verificar seus níveis de magnésio, sobretudo nos músculos e ossos. Em vez disso, monitorar o que você come é uma maneira mais prática de garantir que você esteja consumindo magnésio suficiente. Alimentos ricos em magnésio incluem:
Além de alimentos e suplementos orais, métodos alternativos para aumentar seus níveis de magnésio incluem:
• Banhos de sal de Epsom — A imersão em água rica em sulfato de magnésio permite a absorção transdérmica (pela pele), contornando o sistema digestivo.
• Aplicação tópica — Crie uma solução concentrada de sal de Epsom seguindo as seguintes etapas:
◦Aqueça 180 ml de água e dissolva 7 colheres de sopa de sal de Epsom
◦Depois de esfriar, transfira para um frasco conta-gotas
◦Aplique direto na pele
◦Para maior absorção, aplique em seguida gel de aloe vera fresco
À medida que continuamos descobrindo as maneiras complexas pelas quais os nutrientes interagem com nossos genes e processos celulares, a importância de manter níveis ideais de magnésio se torna cada vez mais clara. Para garantir um envelhecimento saudável e prevenir doenças, priorize uma ingestão adequada de magnésio.
Fonte: mercola