A cada 25 de dezembro, países onde a cultura cristã é dominante são tomados por festividades de Natal, com decorações, reuniões familiares e entregas de presentes. Mas, embora as celebrações natalinas compartilhem as mesmas raízes e características gerais, essa data não é exatamente idêntica em todas as partes do mundo. De fato, até mesmo a data pode variar: há quem prefira, como muitos brasileiros, fazer o grosso das celebrações já na véspera; em outros lugares, os presentes só vêm no Dia de Reis, em 6 de janeiro.
As diferentes tradições, porém, vão muito além das mudanças no calendário. Tem quem use o Natal para rememorar os mortos, quem aproveite a data para expiar o mal do mundo em grandes fogueiras, e até tradições curiosas como a figura de um homem agachado defecando que entra inesperadamente no meio do presépio, como ocorre na Catalunha.
Conheça algumas tradições de Natal que fogem do óbvio ao redor do mundo:
1. Finlândia: recordando os mortos

Na Finlândia, quem já se foi também “participa” do Natal. Enquanto outros países costumam utilizar o Dia dos Mortos, no começo de novembro, para recordar os entes queridos, por lá as famílias acendem velas e colocam decorações especiais nos túmulos em 24 de dezembro.
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A tradição traça suas origens no Kekri, um antigo festival da colheita que costumava ocorrer na época do Halloween, mas, com o passar dos séculos, acabou tendo suas celebrações transferidas para a proximidade do Natal. Tudo ganhou ainda mais força após a Guerra de Inverno, nome dado ao front finlandês no começo da Segunda Guerra Mundial, quando o país resistiu às investidas soviéticas ao custo de dezenas de milhares de mortes, que passaram a ser recordadas nessa época do ano.
2. Japão: a noite do frango frito

Nem 2% da população japonesa segue o cristianismo, o que deveria tornar o Natal uma data pouco relevante na cultura local. Tudo mudou com uma campanha de marketing bem-sucedida nos anos 70: aproveitando que os japoneses consumiam cada vez mais produtos e mídias ocidentais, a gerência local da rede de fast food KFC resolveu promover a data como uma ótima oportunidade para comer frango frito em família ou entre amigos.
Deu super certo: ainda que as festividades natalinas não sejam muito arraigadas entre os japoneses, a noite do KFC se tornou uma tradição que atravessou gerações. No ano passado, por exemplo, mais de 3,5 milhões de lares do Japão encomendaram frango frito para passar a data – um número que supera com sobras a quantidade de pessoas que celebrariam o Natal no país por questões religiosas.
3. Espanha: abram alas para o Caganer

Na Catalunha, os presépios não se resumem às tradicionais representações de Maria, José, Jesus na manjedoura, os Reis Magos e os animais da estrebaria: junto a todos eles, aparece um homem agachado, com as calças arriadas, defecando. É o Caganer, que utiliza roupas típicas de um camponês catalão, e a ideia é que ele traga boa sorte, “fertilizando” a terra.
Ainda que seja muito consagrado nessa parte da Espanha, o Caganer também tem versões locais usadas de forma mais esporádica em outras regiões espanholas, em Portugal, e no sul da Itália. Tornando a tradição ainda mais curiosa, ele não é a única figura relacionando o ato de defecar ao espírito natalino: na Catalunha, também é recorrente o Tió de Nadal (“Tronco de Natal”), uma tora de madeira que é “alimentada” com doces nos dias prévios e, posteriormente, golpeada por crianças para que evacue seus presentes quando chegar a hora.
4. Itália: “bruxa” em vez do Papai Noel

A Befana é uma figura do folclore italiano com missão semelhante à do Papai Noel em outros países: esta velhinha traz presentes para quem se comportou bem e “pune” quem não foi bom no ano que se passou. Ao longo dos séculos, sua imagem adquiriu características tipicamente associadas à caricatura de uma bruxa, e contam que ela voa por aí sobre uma vassoura, enquanto deixa os presentes pelo caminho, na véspera do Dia de Reis, na virada de 5 para 6 de janeiro.
Apesar das origens incertas, a história que mais se conta sobre a Befana é a seguinte: perdidos no caminho para Belém, os Reis Magos teriam parado na casa de uma senhora na estrada, pedindo indicações de como chegar ao local onde Jesus nasceu. A dona de casa indicou o destino, mas recusou o convite para acompanhá-los… e, depois, se arrependeu. A partir daí, com um saco cheio de presentes para entregar a Jesus, a Befana partiu atrás dos Reis Magos. Como nunca mais os encontrou, está desde então percorrendo o mundo e deixando prendas para as crianças por onde passa, na esperança de que alguma delas seja o ilustre filho de Maria.
5. Guatemala: a queima do diabo
@theguatemalalist LA QUEMA DEL DIABLO – GUATEMALA Follow @theguatemalalist to discover meaningful travel experiences across Guatemala. Every year on December 7, Antigua lights up with one of Guatemala’s most iconic traditions. A towering Devil figure is set on fire, a symbolic way of letting go of the old and welcoming the Christmas season. This celebration fills the streets with firecrackers, food stalls, and families gathering to watch the flames rise. A night where culture, memory, and tradition come together in one place. If you’re looking for a country where heritage is alive, this is one of the nights you should experience. Welcome to Guatemala. La Quema del Diablo, Antigua Guatemala, Guatemala Travel, Cultural Traditions, The Guatemala List
Na Guatemala, uma das mais aguardadas celebrações dessa época na verdade acontece antes mesmo do Natal: a cada 7 de dezembro, véspera do Dia de Nossa Senhora da Imaculada Conceição, os habitantes dessa nação centro-americana realizam a “quema del diablo”, uma celebração pública que busca representar a vitória do bem sobre o mal, rumo ao nascimento de Jesus Cristo.
É literalmente o que o nome sugere: figuras satânicas de papel machê são exibidas nas ruas e posteriormente queimadas, em uma busca por expiar o que há de ruim no mundo. Dependendo do lugar, é comum que os demônios carreguem outros elementos que as pessoas querem que fiquem para trás, como imagens de políticos ou referências a desgraças vividas no último ano, que também são incineradas.
É uma tradição que hoje está ameaçada. Mas, por quase meio século entre os anos 1950 e o início dos anos 2000, os dias prévios ao Natal na Venezuela eram tomados por uma tradição sui generis: andar de patins pelas ruas da cidade, aproveitando o calor dessa época em um país voltado para o Caribe, como uma forma de entreter as crianças antes de ir para as celebrações religiosas, como a Missa do Galo. Muitas, aliás, aproveitavam para estrear os patins que só deveriam ganhar de presente alguns dias mais tarde.
As tais Patinatas Navideñas entraram em declínio com a crise econômica e social vivida pela Venezuela na última década, especialmente pelo aumento da criminalidade nas grandes cidades, mas continuam a ocorrer esporadicamente em algumas partes do país – com muitos venezuelanos se esforçando para trazê-las de volta, destacando como essa forma de comemorar o Natal diferencia o país de outros lugares do mundo.
7. Etiópia: Natal? Só em janeiro

Apesar de não levar muita fama fora dos círculos especializados no assunto, a Etiópia é um dos países pioneiros do cristianismo, tendo convertido para essa religião ainda no século 4. O Natal por lá é tão tradicional que até segue o antigo calendário juliano, que as nações ocidentais trocaram pelo gregoriano (que usamos atualmente) em 1582.
A consequência é um descompasso de dias, o que faz com que o Natal etíope não seja comemorado em 25 de dezembro, mas em 7 de janeiro, algo que também ocorre nas Igrejas Ortodoxas da Grécia e da Rússia, por exemplo. A celebração nessa nação africana tem um significado ainda mais especial: embora a Bíblia afirme que os Reis Magos vieram “do Leste”, a fé etíope garante que os homens responsáveis por levar ouro, incenso e mirra para o recém-nascido Jesus na verdade saíram dessa parte da África. Na véspera do Natal da Etiópia, milhares de fiéis saem às ruas com velas, em vigília para celebrar a vinda de Cristo.
Fonte: viagemeturismo






