A morte sempre foi envolta em mistério. O coração para de bater e pensamos que tudo acaba ali.
Mas será que é tão simples assim? Pesquisas recentes mostram que esse processo é muito mais complexo do que imaginávamos e pode reservar momentos intrigantes nos instantes finais da vida.
Estudos indicam que o cérebro não se desliga imediatamente após a parada cardíaca. Pelo contrário: ele pode continuar em plena atividade por alguns segundos, ou até minutos.
Em alguns casos, registra-se uma onda elétrica intensa, semelhante às fases do sono ou a lembranças vívidas. É como se, em um último esforço, a mente fizesse um resumo acelerado da vida.
Alguns especialistas sugerem até que essa atividade poderia representar o derradeiro lampejo da consciência ou sua transição para fora do corpo.
Embora sejam hipóteses ainda em debate, levantam reflexões importantes sobre como entendemos os limites entre vida e morte.
Apesar da imagem de um fim súbito, a morte se desenrola em etapas. O coração cessa, o sangue deixa de circular e o cérebro, sem oxigênio, inicia sua fase final.
No entanto, certas células cerebrais resistem por alguns minutos e, em alguns casos, chegam a trabalhar com intensidade inesperada, como num último impulso.
Essa reação, já registrada em humanos e animais, chamou atenção dos cientistas porque os sinais cerebrais se assemelham aos de estados de consciência, mesmo quando a pessoa já foi considerada clinicamente morta.
Nos minutos finais, o cérebro libera uma descarga poderosa de substâncias químicas.
Entre elas estão as endorfinas, conhecidas por gerar bem-estar; a serotonina, que altera humor e percepção; e o DMT, um composto associado a experiências intensas e, muitas vezes, místicas.
Essas substâncias poderiam explicar por que alguns pacientes próximos da morte relatam tranquilidade profunda, visões luminosas, sons peculiares ou até a sensação de deixar o próprio corpo.
Casos estudados pelo médico Sam Parnia sugerem que algumas pessoas que passaram por parada cardíaca e foram reanimadas guardaram lembranças detalhadas do que acontecia ao redor durante o período em que deveriam estar inconscientes.
Embora raros, esses relatos compartilham elementos semelhantes: um túnel de luz, a sensação de flutuar ou reencontros marcantes.
Não são provas de vida após a morte, mas desafiam nossa compreensão sobre o limite entre estar vivo ou não.
Enquanto o cérebro dá seus últimos sinais, o corpo inicia outro processo: a autólise, em que as enzimas começam a degradar as próprias células, seguida pela putrefação causada pelas bactérias.
Esse ritmo varia de acordo com fatores externos como temperatura e umidade, tornando cada processo único.
A morte, longe de ser um simples desligamento, parece seguir uma sequência complexa e organizada.
As reações químicas, a atividade cerebral e os relatos de pessoas reanimadas sugerem que talvez o fim não seja apenas um vazio imediato, mas um momento de intensa atividade e até de percepção.
Assim, fica a pergunta: e se o último suspiro não for o fim absoluto, mas sim um derradeiro lampejo da vida?
Fonte: curapelanatureza