Saúde

Descoberta: Seis espécies de morcegos que brilham sob luz ultravioleta

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Parece uma armação de Halloween, mas é um estudo científico de verdade. Uma nova pesquisa aponta seis espécies de morcegos que emitem um brilho verde quando estão ao serem expostas luz ultravioleta (UV). A descoberta foi publicada na revista Ecology and Evolution

“Talvez não pareça ter muita importância, mas estamos tentando entender por que esses animais brilham”, diz Steven Castleberry, autor principal do estudo e professor de ecologia e gestão da vida selvagem, em comunicado. “É legal, mas não sabemos por que isso acontece. Qual é a função evolutiva ou adaptativa? Isso realmente tem alguma função para os morcegos?”

A propriedade de certos materiais absorverem energia de uma fonte de luz e depois emitirem essa energia de volta na forma de luz é conhecida como fotoluminescência. Ela se divide em dois tipos: fluorescência, quando o brilho aparece apenas enquanto há luz UV, e fosforescência, quando o brilho continua mesmo após a luz ser retirada.

O mesmo fenômeno se repete com os mais diversos animais, como tubarões, escorpiões, ornitorrincos, esquilos e tartarugas marinhas. Apesar de parecer surpreendente, a característica pode ser muito mais comum do que se imaginava. O primeiro relato desse tipo em um mamífero foi em 2019, e já em 2023, um estudo encontrou a característica em 125 espécies de mamíferos.

Fotografia sem filtro de taxidermia de mamíferos sob luz ultravioleta. (a) urso polar, (b) toupeira marsupial do sul, (c) bilby maior, (d) zebra da montanha, (e) wombat de nariz nu, (f) tatu de seis faixas, (g) morcego-de-nariz-laranja, (h) quenda, (i) leopardo, (j) civeta-asiática, (k) raposa-vermelha, (l) golfinho-anão.
Fotografia sem filtro de taxidermia de mamíferos sob luz ultravioleta. Em ordem: (a) urso-polar, (b) toupeira-marsupial-do-sul (Notoryctes typhlops), (c) bilby-grande (Macrotis lagotis), (d) zebra-das-montanhas, (e) wombat (Vombatus ursinus), (f) tatupeba , (g) morcego (Rhinonicteris aurantia), (h) quenda (Isoodon obesulus), (i) leopardo, (j) civeta-de-palmeira-asiática (Paradoxurus hermaphroditus), (k) raposa-vermelha, (l) golfinho-rotador. (Travouillon et al, Royal Society Open Science/Reprodução)

No novo estudo, a equipe examinou dez espécimes pertencentes a seis espécies de morcegos norte-americanos, todos armazenados no Museu de História Natural da Georgia, nos EUA. Entre os estudados, há uma subespécie mexicana do morcego-de-cauda-livre-brasileiro (Tadarida brasiliensis). 

Mas por que não vemos esse brilho a olho nu? A explicação está na luz que usamos para iluminar o mundo. Nossos olhos conseguem captar luzes que tenham entre 400 e 700 nanômetros de comprimento de onda. 

A luz UV tem comprimentos menores, invisíveis para nós. No caso desses animais, a luz UV excita certas moléculas presentes na pele, pelos ou asas. Essas moléculas absorvem a energia UV e a liberam na forma de luz visível, geralmente em tons de verde, azul ou rosa.

No caso dos morcegos estudados, sob luz UV, as asas e as pernas brilham em torno de 520 a 552 nanômetros, que correspondem à cor verde. Nós só conseguimos ver isso quando há uma fonte de luz UV, porque é ela que “ativa” o brilho para a nossa visão.

Entretanto, os pesquisadores descobriram que muitos morcegos conseguem enxergar justamente nessa faixa de luz, o que indica que esse brilho pode ter uma função biológica – talvez na comunicação entre indivíduos ou em comportamentos sociais noturnos, invisíveis aos nossos olhos.

Os morcegos estudados brilham com diferentes intensidades da mesma tonalidade, sem diferenças relacionadas ao sexo ou espécie. Isso sugere que essa característica pode ter sido herdada para a comunicação – e não para atrair parceiros ou se camuflar, por exemplo. Mas os autores afirmam que mais estudos são necessários para afirmar.

Fonte: abril

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