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Descoberta revela cratera mais antiga da Terra com 3,4 bilhões de anos

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Quando a Terra se formou, impactos de corpos celestes contra o nosso planeta eram muito mais comuns. Foi um destes, aliás, que formou a Lua, há cerca de 4,5 bilhões de anos. Como o Sistema Solar ainda estava em formação, havia muito mais detritos espaciais circulando em órbitas instáveis. 

A Lua ainda carrega marcas muito visíveis desse período: sem uma atmosfera significativa, nem vento, chuva ou processos geológicos ativos, as crateras ficam muito mais preservadas. Por aqui, na Terra, a erosão, a atividade tectônica e o vulcanismo modificam e até apagam essas crateras ao longo do tempo, tornando difícil estudá-las. 

Fotografia do sítio da cratera de meteoro no Arizona.
A cratera de Barringer, no Arizona, nos EUA, é uma das mais famosas do mundo e é bem parecida com as que é possível observar na Lua. Ela ainda é muito definida porque é relativamente recente: tem apenas 50 mil anos. Ou seja, é 69 mil vezes mais recente que a do Cratón de Pilbara. (Wikimedia Commons/Reprodução)

 

Agora, em um estudo publicado na Nature Communications na última quinta (6), pesquisadores anunciaram a descoberta de uma cratera de impacto com 3,47 bilhões de anos no Cratón de Pilbara, na Austrália Ocidental. A datação faz dela a cratera de impacto mais antiga conhecida e ajuda a detalhar a história da Terra no começo de sua vida. Antes disso, o primeiro lugar ficava com a Cratera de Yarrabubba, que surgiu há 2,2 bilhões de anos e fica a 800 quilômetros ao sul da nova vencedora.

A cratera não é identificável pelo formato, como geralmente se imagina uma cratera. Ela foi descoberta graças aos “cones de estilhaçamento”, formações rochosas raras que só se formam sob a pressão intensa de um impacto de meteorito (ou nos casos ainda mais raros de explosões nucleares subterrâneas). 

“Os cones de estilhaçamento são estruturas ramificadas bonitas e delicadas, não muito diferentes de uma peteca de badminton”, escreveram três dos autores do artigo em um texto no site The Conversation

Fotografias de campo de rochas nos flancos do Domo do Polo Norte.
Cones de estilhaçamento no Cratón de Pilbara – talvez seja preciso ser um geólogo apaixonado para achá-los delicados e parecidos com uma peteca de badminton. (Kirkland, C.L., Johnson, T.E., Kaempf, J. et al. A Paleoarchaean impact crater in the Pilbara Craton, Western Australia. Nat Commun 16, 2224 (2025)./Reprodução)

 

“Até agora, a ausência de crateras realmente antigas significa que elas são amplamente ignoradas pelos geólogos”, disse o professor Tim Johnson, co-líder do estudo, em comunicado. “Este estudo fornece uma peça crucial do quebra-cabeça da história de impacto da Terra e sugere que pode haver muitas outras crateras antigas que podem ser descobertas com o tempo.”

Os autores estimam que a região tenha sido atingida por um meteorito a 36 mil km/h, um impacto que deixou uma cratera de mais de 100 quilômetros de diâmetro e espalhou detritos por todo o globo. Para eles, a descoberta é um forte indício de uma teoria de décadas sobre como os primeiros continentes se formaram.

Para os autores do estudo, impactos como esse teriam sido responsáveis por derreter as rochas e produzir agregados de material vulcânico que se transformaram depois em trechos mais gordinhos da crosta terrestre, com raízes profundas no magma lá embaixo. Isso explicaria a formação dos crátions, que são massas rochosas grandes e estáveis que se tornaram a base dos continentes.

“Descobrir esse impacto e encontrar outros do mesmo período pode explicar muito sobre como a vida pode ter começado, já que as crateras de impacto criaram ambientes favoráveis à vida microbiana, como piscinas de água quente”, disse o coautor do estudo, Chris Kirkland, no mesmo comunicado.

Fonte: abril

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