Há 150 milhões de anos, dois jovens pterossauros foram derrubados por uma forte tempestade que quebrou seus ossos e os enterrou no fundo de uma laguna, onde seus restos mortais foram preservados. Sabemos disso porque um novo estudo analisou os fósseis para descobrir a causa da morte destes répteis voadores.
Ambos os pterossauros, cujos fósseis estão expostos em museus da Alemanha, apresentam ossos das asas quebrados – um tem uma fratura na asa direita e o outro, na esquerda. As lesões, no entanto, são irregulares, sugerindo que a força que quebrou os ossos não foi um impacto direto, como uma colisão com uma superfície dura.
Esse tipo de fratura é mais compatível com forças de torção e é comumente encontrada em pássaros e morcegos jovens que enfrentam ventos fortes durante seus primeiros voos; a ventania é capaz de quebrar os ossos frágeis das asas de bichos inexperientes.
O sentido da fratura indica que os ossos foram quebrados por torção enquanto ainda estavam flexíveis, indicando que os danos não foram aos fósseis, e sim aos indivíduos vivos. Além disso, não havia sinais de que as lesões estivessem se curando, descartando assim a possibilidade de machucados antigos.

Por isso, os pesquisadores concluíram que os répteis voadores provavelmente morreram ao serem derrubados por uma tempestade brutal há 150 milhões de anos.
A “autópsia” foi feita por cientistas da Universidade de Leicester, no Reino Unido, e publicada no periódico Current Biology.
Os dois pterossauros pertencem ao famoso gênero Pterodactylus, têm apenas 20 cm de envergadura – um tamanho bem pequeno para estes animais, mesmo considerando indivíduos bebês – e foram apelidados de Lucky I e Lucky II pelos cientistas. Eles foram encontrados no Calcário Solnhofen, uma formação geológica no sul da Alemanha conhecida por abrigar inúmeros fósseis em alto grau de preservação, incluindo centenas de pterossauros.

Apesar da abundância de fósseis, nunca antes evidências diretas de tempestades matando pterossauros haviam sido encontradas na região. É provável que Lucky I e II tenham perecido por causa dos ventos porque eram muito jovens – tinham apenas alguns dias ou semanas de vida –, e que isso não acontecesse com frequência com indivíduos maiores. Depois de derrubados, esses bebês submergiram numa laguna, onde foram rapidamente soterrados por sedimentos que permitiram a fossilização de seus ossos quebrados.
É um achado bastante raro. “Pterossauros tinham esqueletos incrivelmente leves”, diz Rab Smyth, pesquisador da Universidade de Leicester e um dos autores do estudo. “Ossos ocos e finos são ideais para voar, mas são péssimos para a fossilização. As chances de encontrar um fóssil preservado são mínimas, e descobrir um que conte como o animal morreu é ainda mais raro.”
Fonte: abril