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SAÚDE

Descoberta: Morcegos equilibram genes anticâncer e regeneração celular, revela estudo

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Se existe um animal que parece ter hackeado a biologia do envelhecimento, é o morcego. Apesar do pequeno porte, algumas espécies desses mamíferos voadores vivem até 40 anos. Essa idade para humanos pode parecer pouca, mas é uma longevidade consideravelmente grande para roedores do mesmo tamanho, por exemplo, que vivem de 2 a 5 anos. 

O mais surpreendente é que os morcegos parecem fazer isso driblando um dos maiores vilões do envelhecimento humano: o câncer.

Um novo estudo da Universidade de Rochester, nos Estados Unidos, publicado na Nature Communications, mostra que os morcegos atingem esse feito graças a um equilíbrio genético sofisticado.

Eles combinam uma amplificação do gene p53, conhecido por sua atuação na supressão de tumores, com um sistema imunológico altamente eficaz e uma capacidade aumentada de regeneração celular.

“Os morcegos têm um sistema imunológico extremamente eficiente, que elimina diversos patógenos mortais. Isso também contribui para sua habilidade anticâncer, reconhecendo e destruindo células tumorais”, afirmou a bióloga Vera Gorbunova, que liderou a pesquisa, em comunicado.

Enquanto humanos possuem apenas uma cópia funcional do gene p53, algumas espécies de morcego apresentam múltiplas versões do gene. Em animais como elefantes, que também são notórios pela baixa incidência de câncer, esse número pode chegar a 20. Isso é especialmente relevante porque mutações nesse gene estão associadas a mais da metade dos cânceres humanos.

A equipe analisou uma espécie de morcego chamada little brown bat (Myotis lucifugus), comum na região de Rochester e no norte do estado de Nova York, que possui duas cópias do p53 e apresenta níveis elevados de atividade desse gene.

Esse aumento de p53 permite que os morcegos eliminem células defeituosas antes que se tornem perigosas, por meio de um processo chamado apoptose, protegendo-os de forma mais eficaz contra o câncer.

Mas há um detalhe crucial: p53 age como um freio de emergência no organismo, eliminando células danificadas antes que virem um problema. Logo, se presente em excesso, pode impedir até mesmo a renovação saudável dos tecidos. 

As células de morcegos não são, por natureza, imunes ao câncer. Pelo contrário: bastam dois “golpes” genéticos  (mutações em pontos-chave do genoma) para que suas células se transformem em células malignas. A diferença é que os morcegos conseguem reagir rapidamente, ativando os sistemas anticâncer antes que o problema se espalhe.

É aí que entra o segundo trunfo dos morcegos: uma enzima chamada telomerase, que protege os telômeros (as extremidades dos cromossomos) e permite que as células continuem se replicando.

Nos humanos, a telomerase em excesso pode aumentar o risco de câncer. Nos morcegos, o excesso é contrabalançado pelas múltiplas cópias de p53.

Ou seja, uma enzima que acelera a renovação celular, enquanto um gene que vigia e freia o processo caso ele saia do controle. O resultado é um equilíbrio entre regeneração e vigilância anticâncer. Segundo os pesquisadores, isso é algo que a ciência ainda tenta reproduzir em laboratório.

Ainda é cedo para dizer se esse mecanismo pode ser replicado em humanos, mas os achados reforçam o papel central do p53 na prevenção de tumores e dão suporte ao desenvolvimento de medicamentos que têm esse gene como alvo.

Além disso, ainda que a aplicação segura da telomerase em humanos não tenha sido foco desta pesquisa, os autores acreditam que esse também é um caminho promissor para o futuro.

Fonte: abril

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