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Descoberta: Fóssil de ave moderna de 69 milhões de anos na Antártica

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Cientistas encontraram o fóssil de uma ave que viveu na Antártica há 69 milhões de anos. A espécie, parecida com um pato, pode ser a mais antiga da linhagem que deu origem ao grupo que classificamos como “pássaros” hoje.

Enquanto o Tiranossauro rex reinava na América do Norte, o Vegavis iaai vivia no calmo refúgio da Antártica (que, na época, não era um continente gelado, mas sim verde e com temperaturas amenas). A relativa tranquilidade do local contribuiu para que a espécie conseguisse sobreviver quando planeta foi atingido pelo asteroide que extinguiu os dinossauros não-avianos.

O crânio quase completo do V. iaai foi encontrado durante uma expedição de 2011 do Projeto de Paleontologia da Península Antártica. Desde então, sua localização na árvore genealógica das aves vinha sendo debatida por pesquisadores.

O fóssil possui um bico longo e pontiagudo e um formato de cérebro único para as aves conhecidas de sua época. Essas características colocam o V. iaai na classificação dos pássaros modernos, e cientistas acreditam que ele possa ser o ancestral em comum mais antigo do grupo que hoje inclui patos e gansos. 

Isso torna o pequeno fóssil a evidência mais antiga de uma radiação evolutiva bem-sucedida e generalizada em todo o planeta. O estudo foi publicado ontem (5) na revista Nature

Imagem de um par de Vegavis iaai, a mais antiga ave moderna conhecida, há 69 milhões de anos, procurando peixes e outros animais no oceano do Cretáceo Superior, na costa da Península Antártica.
Um par de Vegavis iaai, a mais antiga ave moderna conhecida, há 69 milhões de anos, procurando peixes e outros animais no oceano do Cretáceo Superior, na costa da Península Antártica. (© Andrew McAfee (Museu Carnegie de História Natural), 2025./Reprodução)

“Poucas aves têm tanta probabilidade de iniciar tantas discussões entre os paleontólogos quanto o Vegavis”, diz Christopher Torres, principal autor do estudo, em comunicado. “Esse novo fóssil ajudará a resolver muitas dessas discussões. A principal delas é: onde o Vegavis está posicionado na árvore da vida das aves?”

Não é a primeira vez que a espécie é descrita: há 20 anos, pesquisadores da Universidade do Texas já haviam sugerido que ele pudesse ser um dos primeiros membros das aves modernas, com base em outros fósseis. Mas outras pesquisas lançaram dúvida sobre essa hipótese, já que as aves modernas até existiam antes da extinção do final do Cretáceo, mas eram excepcionalmente raras.

Imagem da ave moderna (coroa) do Cretáceo tardio, Vegavis iaai em busca de peixes no oceano no oceano raso da costa da península Antártica, com amonites e plesiossauros como companhia.
Ilustração que imagina Vegavis iaai em busca de peixes no oceano no oceano raso da costa da península Antártica, com amonites e plesiossauros como companhia. (© Mark Witton , 2025./Reprodução)

“E os poucos lugares com algum registro fóssil substancial de aves do Cretáceo Superior, como Madagascar e Argentina, revelam um aviário de espécies bizarras, agora extintas, com dentes e longas caudas ósseas, apenas distantemente relacionadas às aves modernas”, iz Patrick O’Connor, coautor do estudo. “Algo muito diferente parece estar acontecendo nos confins do Hemisfério Sul, especificamente na Antártica.”

O novo achado tem algo que faltava a todos os fósseis anteriores dessa ave: um crânio quase completo. Além das características já mencionadas, o crânio carrega indícios consistentes com outras partes do esqueleto já encontradas.

Imagem da Reconstrução do esqueleto do pássaro Vegavis iaai do Cretáceo Superior (~69 milhões de anos). Ossos preservados do crânio e do esqueleto representados em branco.
Reconstrução do esqueleto do pássaro Vegavis iaai. Em branco, estão os osssos preservados, em cinza, os ossos presumidos. (Christopher Torres (Universidade do Pacífico), 2025/Reprodução)

Em especial, os fósseis indicam que o Vegavis usava os pés para propulsão subaquática durante a perseguição de peixes e outras presas – uma estratégia de alimentação parecida com a de algumas outras aves, como os mergulhões.

Os autores acreditam que o achado ressalta a importância de compreender os ecossistemas antárticos, e como eles ajudaram a moldar a evolução das espécies de todo o mundo. “A Antártica é, em muitos aspectos, a fronteira final para a compreensão da humanidade sobre a vida durante a Era dos Dinossauros”, disse Matthew Lamanna, coautor do estudo.

Fonte: abril

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Fábio Neves

Jornalista DRT 0003133/MT - O universo de cada um, se resume no tamanho do seu saber. Vamos ser a mudança que, queremos ver no Mundo