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Descoberta da Identidade: Como os Pássaros Parasitas Sem Pais Reconhecem Sua Própria Espécie

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Os filhotes de pássaros vaqueiro-de-cabeça-castanha crescem sem nunca ver seus pais. As mães, como é típico de espécies parasitas de ninho, depositam os ovos discretamente nos ninhos de outras aves e vão embora. O papel de cuidar dos filhotes cabe, então, a pais adotivos de outra espécie, que nem desconfiam da troca – amor de mãe é cego, mesmo.

No entanto, a dúvida que intriga os cientistas há décadas é como, então, esses pássaros descobrem quem realmente são?

Um recente estudo publicado na revista Animal Behaviour sugere que a resposta está na socialização com fêmeas adultas da mesma espécie (mas que não são, necessariamente, suas parentes). Durante três verões, o ornitólogo Mac Chamberlain, da Universidade de Illinois (EUA), capturou filhotes e adultos de vaqueiro-de-cabeça-castanha para realizar testes genéticos. Seu objetivo era encontrar provas de que mães e filhotes se reencontravam após o abandono inicial e, assim, os órfãos entenderiam quem eram. Mas isso não aconteceu. 

“Achei que essas adultas estariam procurando sua prole, ou ao menos frequentando as áreas onde parasitaram ninhos”, disse Chamberlain para o jornal The New York Times. Em vez disso, a pesquisa mostrou que os filhotes tendem a se aproximar de fêmeas adultas aleatórias de vaqueiros. E, segundo o pesquisador, é exatamente o que deveriam fazer.

Ao contrário da maioria das aves, um passarinho parasita não se apega aos seus pais hospedeiros. Os filhotinhos passam cerca de um mês no ninho em que nasceram, mas depois começam a explorar. Isso, claro, é um pré-requisito para a sobrevivência: se um vaqueirinho tivesse um apego a uma família de outra espécie, por exemplo, e buscasse a companhia delas quando adulto, nunca encontraria um parceiro para se reproduzir.

A descoberta de Chamberlain contraria um estudo de 1995, que sugeria possíveis reencontros entre mães e filhos. A pesquisa antiga tinha como base testes genéticos entre pássaros adultos e jovens capturados juntos. No entanto, como Chamberlain não encontrou nenhum laço de parentesco em seu grupo de aves. Assim, a hipótese de que a identificação da espécie acontece por outros meios lhe pareceu a mais provável. 

Mas, afinal: como? Fatores sensoriais parecem desempenhar um papel importante. Os filhotes, que nascem com penas semelhantes às das fêmeas adultas, se atraem por aves com aparência semelhante à sua e respondem ao seu canto, um tipo de vocalização característico das fêmeas dessa espécie. 

Para os vaqueiros, descobrir quem são é essencial: afinal, eles precisam se integrar ao grupo da espécie antes do fim do verão, quando chega a hora de migrar. Além disso, precisam aprender a como se comportar perto de seus iguais. 

Para o pesquisador, o comportamento desses animais pode parecer estranho em comparação com os modelos tradicionais de família. “Mas isso não significa que esteja errado”, diz Chamberlain. “É assim que eles devem fazer.”

Fonte: abril

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