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SAÚDE

Descoberta da causa da extinção dos cangurus-gigantes na Austrália: cientistas revelam novos insights

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O canguru, símbolo nacional da Austrália e animal endêmico da Oceania, já é um mamífero grandão: machos podem chegar aos dois metros de altura e pesar 90 kg. Você pode ver esses animais no deserto australiano, se movimentando em grupo por grandes distâncias para escapar das secas e procurar comida. Mas milhares de anos antes, havia cangurus na Austrália que eram muito maiores – e mais folgados.

Em um novo estudo publicado no periódico PLOS One, uma equipe de cientistas australianos sugeriu uma nova explicação para o motivo dos cangurus-gigantes, que viviam no leste da Austrália e podiam ter um metro a mais de altura que os cangurus modernos, terem acabado extintos.

Esses animais enormes não gostavam tanto de perambular quanto os cangurus atuais, e ficavam restritos a poucos locais. A falta de mobilidade dos cangurus-gigantes os deixou expostos a mudanças no ambiente que podem ter sido fatais para a espécie.

Os paleontólogos encontraram fósseis de dentes de cangurus-gigantes do gênero Protemnodon nas cavernas do monte Etna, no nordeste da Austrália. Analisar esses dentes foi uma forma de observar os hábitos e prováveis movimentos desses gigantes há centenas de milhares de anos.

O estudo com os fósseis de dentes mostrou que os cangurus-gigantes não precisavam percorrer grandes distâncias para encontrar seus alimentos, já que eles viviam numa floresta tropical abundante. O problema: a mata não eterna. Quando o clima da região ficou mais seco e passou a ter estações mais claramente demarcadas, os cangurus-gigantes sofreram.

É o clima

As cavernas do monte Etna guardam muitos registros de vida pré-históricos porque elas eram “armadilhas naturais” para as espécies que rodavam pela região e não prestavam atenção onde pisavam. Elas também serviam de lar para alguns dos mais letais predadores da área, como diabos-da-tasmânia e leões-marsupiais.

A área ao redor do monte Etna já foi explorada para mineração de cal e cimento, e agora a pesquisa científica sobre o passado da região acontece no meio dessa paisagem depredada.

Os pesquisadores dataram os fósseis e descobriram que os cangurus-gigantes viveram na caverna entre 500 mil e 280 mil anos atrás. Depois disso, eles desapareceram completamente do registro fóssil do monte Etna, na mesma época em que a região passava por uma transição climática de floresta tropical para um ambiente mais árido.

Normalmente, quanto maior o mamífero, mais longe ele viaja para buscar comida. Essa regra observacional não se aplica aos cangurus-gigantes, porque eles simplesmente não viajavam muito para se alimentar. Os pesquisadores descobriram isso a partir da observação de diferentes isótopos do elemento químico estrôncio no esmalte do dente dos animais.

Esses isótopos de estrôncio são como um registro químico de onde vinham as plantas que um animal comia. Os cientistas compararam as características químicas presentes nos dentes dos cangurus-gigantes com as assinaturas ambientais da área. Eles limitavam sua busca por comida à região das cavernas do monte Etna, uma faixa de território bem menor do que a esperada para uma espécie tão grande.

Os cangurus-gigantes provavelmente se moviam com as quatro patas, em vez de saltitarem como os cangurus que conhecemos. Essa adaptação é ruim para viajar grandes distâncias, mas boa para sobreviver na floresta, que providenciava bastante comida para esses representantes da megafauna.

As espécies do gênero Protemnodon foram extintas da região do monte Etna bem antes dos seres humanos chegarem por lá. As descobertas desse estudo apontam para uma extinção causada não por influência humana, mas por falta de mobilidade. Como canta o compositor uruguaio Jorge Drexler: “Se quer que algo morra, deixe-o quieto”.

Fonte: abril

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