Denúncias de Crimes Online: Mais de 60% envolvem Abuso Infantil

Um levantamento da SaferNet Brasil revelou que, entre 1º de janeiro e 31 de julho de 2025, foram registradas 49.336 denúncias anônimas de abuso e exploração sexual infantil na internet, representando um aumento de 18,9% em relação ao mesmo período de 2024.

Essas denúncias correspondem a 64% de todas as notificações de crimes cibernéticos recebidas pela organização, que incluem ainda casos de racismo e violência contra a mulher.

Segundo a SaferNet, os dados confirmam o agravamento da violência contra crianças e adolescentes no ambiente digital. Um ponto preocupante é o uso crescente de inteligência artificial para criar conteúdos de abuso sexual infantil, tanto manipulando imagens reais quanto produzindo materiais hiper-realistas, como deepfakes e imagens geradas a partir de comandos de texto.

A organização destaca que, conforme o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), a manipulação de imagens também constitui crime. Thiago Tavares, fundador da SaferNet, alertou que aplicativos de IA permitem retirar roupas digitalmente de imagens de pessoas, gerando conteúdos ilícitos.

Para discutir o tema, a SaferNet abriu uma chamada pública para relatos de adolescentes vítimas de imagens não consensuais geradas por IA, visando analisar os casos e desenvolver políticas de proteção mais eficazes.

Adultização

O crescimento das denúncias de abuso infantil foi impulsionado após o influenciador Felca divulgar um vídeo denunciando perfis que promovem a adultização de crianças e adolescentes. Entre 6 e 18 de agosto, foram registradas mais de 6,2 mil denúncias, sendo que 52% ocorreram após a viralização do vídeo.

Em seguida, a Câmara dos Deputados incluiu em pauta o Projeto de Lei nº 2.628 de 2022, que obriga plataformas digitais a adotar medidas para impedir o acesso de menores a conteúdos ilegais ou inadequados.

Como denunciar

Denúncias de páginas com imagens de abuso infantil podem ser feitas na Central Nacional de Denúncias da SaferNet Brasil, conveniada com o Ministério Público Federal. Em casos de suspeita de violência sexual, deve-se acionar o Disque 100.