O cirurgião-dentista Luiz Evaristo Volpato negou ter envolvimento com o suposto esquema de pirâmide que desviou R$ 40 milhões do Conselho Federal de Odontologia (CFO) entre 2021 e 2022. As investigações estão sendo feitas pelo Tribunal de Contas da União (TCU) e foram divulgadas pelo site Metrópoles.
O esquema teria acontecido em plena pandemia da covid-19 com o argumento de facilitar linhas de crédito aos odontologistas que foram prejudicados financeiramente devido ao isolamento social. O desvio teria envolvido diretores e ex-diretores do CFO, incluindo Volpato, que era tesoureiro na época dos fatos, e a empresa Solstic Capital, que seria a intermediária entre o conselho e o banco BTG Pactual para facilitar a liberação dos recursos aos associados interessados.
Em nota oficial, o CFO informou que as transferências bancárias do conselho para a Solstic Capital, que totalizaram R$ 40 milhões, foram feitas entre julho e outubro de 2021. E que, após várias cobranças e justificativas, a empresa devolveu R$ 8.660.718,11 e, em fevereiro de 2023, ainda reconheceu uma dívida de R$ 37.184.518,00.
Segundo informações encaminhadas ao TCU, o empresário Flávio Batel teria se aproximado de Miyake por meio de Carlos Alberto Kubota, também empresário e sócio do presidente do CFO no Instituto Educacional União Cultural, em São Paulo. A empresa Solstic Capital, de propriedade de Batel, oferecia uma comissão de 5% a cada empresário que conseguisse atrair novos investidores, o que teria motivado Kubota a convidar Miyake, ex-secretário-geral do CFO.
De acordo com o ex-tesoureiro, na época da assinatura do contrato não foi constatada nenhuma irregularidade. Ainda de acordo com Volpato, a Solstic não estaria realizando a transferência com os valores exatos para o CFO, alegando dificuldades operacionais, mas sempre mandava os extratos atualizados sobre o valor devedor.
“Apenas depois que saí do conselho é que fiquei sabendo da sociedade entre Claudio Miyake e o empresário Carlos Kubota e deste com Flávio Batel, sócio-administrador da Solstic Capital Investimentos e Participações”, explicou.
A presidente do Conselho Regional de Odontologia de Mato Grosso (CRO-MT), Wânia Dantas, explicou que o regional foi o primeiro a questionar as supostas irregularidades do CFO que estão sendo investigadas pelo TCU. Wânia também explicou que assinou um abaixo-assinado, em conjunto com outras 17 regionais, cobrando explicações e que as denúncias “não afetam a credibilidade do CROMT, pois temos independência administrativa e financeira”.
Por meio de nota divulgada no site, o CRO-MT reiterou a necessidade de que as eventuais irregularidades sejam apuradas com rigor.
Diante das denúncias recentemente divulgadas em meios extraoficiais, incluindo redes sociais e grupos de mensagens de WhatsApp, de supostas irregularidades no âmbito do sistema do Conselho Federal de Odontologia (CFO), o Conselho Regional de Odontologia de Mato Grosso (CRO-MT) esclarece que:
Foi encaminhado o OFÍCIO/ABAIXO-ASSINADO n.º 0001, de 28 de abril de 2025, ao Conselho Federal de Odontologia (CFO), para que sejam adotadas as medidas cabíveis, visando à apuração transparente e legal dos fatos relatados.
Reiteramos a importância de que eventuais irregularidades sejam investigadas com rigor, dentro dos trâmites legais e regimentais, garantindo a ética e a credibilidade da categoria odontológica.
Diante da situação exposta, aguardamos, com a devida brevidade, a apresentação de devolutiva ágil, acompanhada das medidas resolutivas cabíveis e dos esclarecimentos necessários.
Dra. Wânia Dantas
Presidente do CRO-MT
Fonte: hnt