Invisibilizada em uma foto de divulgação institucional da Polícia Civil (PJC-MT), onde era única mulher entre os homenageados, a delegada da Jannira Laranjeira lança nesta segunda-feira (10) um movimento para promover o enfrentamento e combate a violência contra mulher. Ela afirma que não poderia se silenciar diante do ocorrido e transferida da Coordenadoria de Enfrentamento à Violência Contra a Mulher e Vulneráveis, pretende continuar o trabalho de auxiliar vítimas de violência doméstica.
Ao , a delegada comenta que a idealização do Movimento Voz foi pensada há mais de um ano em conjunto com outras mulheres que integram o instituto, como advogadas, servidoras públicas, psicólogas, assistentes sociais e terapeutas para trabalhar em comunidades, visando instalar grupos reflexivos e de apoio, uma necessidade que viu quando esteve a frente da coordenadoria.
“Nós não temos grupo de apoio de mulheres em face de 17.910 medidas protetivas expedidas no ano passado. Então, todas que passaram por isso deveriam ser encaminhadas a esses grupos e como não existe, havendo essa necessidade, sabemos a importância da prevenção, tanto pós-crime quanto preventivamente em escolas, repartições publicas e comunidades igrejas”, explica a idealizadora.
Jannira conta que a iniciativa faz parte da continuidade de um trabalho que já desenvolvia em paralelo à jornada como servidora estadual. Esta é uma ação em suas horas de folga e por possuir especialização no tema do combate a violência contra mulher, pretende usar seu conhecimento para fortalecer vítimas.
Atualmente lotada na Central de Flagrantes, a delegada passou um período na Delegacia de Estelionatos após ser removida da Coordenadoria da Mulher, que ela própria ajudou a criar. Pontua que sua saída da coordenadoria foi uma decisão administrativa, mas enxerga traços de perseguição, porém não atribui a instituição em si, mas à “falta de compromisso de algumas pessoas” nela.
“Eu vivi anos com medo, adoeci, mas criei forças para continuar a falar, que é minha missão, minha especialização e enfrentar isso com as minhas forças. Nós temos força quando nos unimos e eu pretendo unir mulheres. As consequências virão. Estou em uma instituição regida pela hierarquia e disciplina, que dita regras, mas precisamos entender nosso papel social. Precisamos entender nossa missão, não faz sentido eu defender mulheres dentro e fora da minha casa e na hora que eu sofrer uma violação eu me silenciar. Não faz sentido para mim”, acredita.
A delegada denuncia ter sido removida propositalmente de uma fotografia publicada no Instagram da Polícia Civil. Na primeira imagem, a delegada aparece em um plano geral junto de demais homens, mas na sequência adiante não consta entre os homenageados. A condecoração ocorreu na semana passada e a situação foi denunciada por ela em suas redes sociais no fim de semana.
Ao Jannira, conta que recebeu a indicação pessoalmente do vereador e não entende porque não aparece nas demais imagens. “Geralmente essa indicação os vereadores mandam para a Polícia e eles encaminham os nomes, mas essa eu recebi diretamente do vereador e eu fui receber essa homenagem. Nas fotos eu sou uma das primeiras e eles me tiraram das fotos. Eu denunciei porque eu sofro perseguição, apagamento institucional e não é de agora. Eu fui tirada da pauta ano passado. A Sesp tem todo direto de remanejar o servidor, mas eu sei qual é o pano de fundo disso, está muito latente agora, me cortaram, mas minha mão ficou na foto”, explica.
Na postagem, a deputada estadual Janaina Riva (MDB) prestou apoio à delegada citando: “apagar uma mulher é tentar apagar sua história. Mas seguimos firmes. A justiça, ética e os direitos das mulheres precisam de coragem e compromisso. Não vão nos intimidar. Estamos juntas e ninguém solta a mão de ninguém”.
A vereadora Maysa Leão (Republicanos) disse se tratar de um absurdo que a delegada tenha sido apagada da publicação, especialmente diante do trabalho prestado e por sua atuação. A ex-vereadora de Chapada dos Guimarães, Fabiana Nascimento, questionou na postagem, “até quando isso vai? Quando teremos um basta?”.
O buscou a Polícia Civil para um posicionamento sobre o caso, mas a instituição disse que não vai se manifestar.
Fonte: gazetadigital






