âNojoâ. Essa foi uma das primeiras palavras que pesquisadores leram em um pergaminho antigo que foi carbonizado na erupção do monte VesĂșvio â a mesma que destruiu a cidade de Pompeia, hĂĄ quase 2.000 anos.
O pergaminho Ă© sĂł um de centenas que foram encontrados na biblioteca de uma mansĂŁo romana em Herculano, cidade vizinha a Pompeia que tambĂ©m foi enterrada sob as cinzas vulcĂąnicas do VesĂșvio no ano 79 d.C. Essa cidade foi descoberta um pouco antes de sua colega mais famosa, em 1709. Diferente de Pompeia, as cinzas que cobriram Herculano preservaram madeira e alguns materiais orgĂąnicos, como alimentos e papiro.
VĂĄrios papiros foram encontrados na mansĂŁo, que pode ter sido do sogro de JĂșlio CĂ©sar. O problema Ă© que a maioria deles estava tĂŁo carbonizada que a tinta preta tinha se tornado ilegĂvel, e os pergaminhos viravam pĂł assim que os pesquisadores tentavam abri-los.
Um desses papiros, chamado de PHerc. 172 pelos arqueĂłlogos, foi desvendado com a ajuda de imagens 3D de raio-x. O exame de imagem possibilitou que os pesquisadores desenrolassem o pergaminho digitalmente, sem abrir â e destruir â essa relĂquia histĂłrica. Em seu estado atual, ele mais parece um pedaço de pedra do que um papiro enrolado:

O artefato estĂĄ armazenado na biblioteca Bodleian, na Universidade de Oxford, no Reino Unido. Esse jĂĄ Ă© o quinto pergaminho desvendado virtualmente pelos pesquisadores do Vesuvius Challenge, uma competição que incentiva as pessoas a usarem inteligĂȘncia artificial de aprendizado de mĂĄquina para conseguir ler os papiros.
Ajude a decifrar o pergaminho
O pergaminho PHerc. 172 Ă©, por enquanto, o papiro com mais texto recuperĂĄvel dos destroços de Herculano, mas ainda nĂŁo foi lido completamente. A equipe estĂĄ usando inteligĂȘncia artificial e outros modelos computacionais para reconstruir o texto e realçar a tinta, que Ă© tĂŁo preta quanto o carvĂŁo que o papiro virou. As primeiras informaçÔes sobre o pergaminho foram divulgadas pela equipe da biblioteca Bodleian.
Eles jĂĄ conseguiram identificar algumas colunas de texto, com 26 linhas cada uma. Pesquisadores da Universidade de Oxford jĂĄ estĂŁo trabalhando no assunto, mas a equipe do Vesuvius Challenge estĂĄ chamando mais cientistas â profissionais ou cidadĂŁos â que queiram ajudar.
A palavra ânojoâ, que jĂĄ foi identificada duas vezes no espaço de algumas colunas de texto, Ă© uma tradução do original em grego antigo ÎŽÎčαÏÏÎżÏÎź.Â
Os pesquisadores conseguem enxergar a tinta desse pergaminho mais facilmente pelas imagens de raio-x. Ele Ă© muito mais legĂvel que os outros pergaminhos que jĂĄ foram desvendados pelo Vesuvius Challenge. A hipĂłtese Ă© que essa tinta provavelmente tinha algum ingrediente mais denso, como chumbo, que ajuda o texto a aparecer mais nas imagens de raio-x.
Atualmente, os pesquisadores estĂŁo trabalhando em refinar as imagens do manuscrito PHerc. 172, para deixar as linhas de texto mais visĂveis. A meta dos cientistas Ă© chegar ao centro do pergaminho, onde o tĂtulo da obra provavelmente estĂĄ preservado.
O raio-x da relĂquia e de vĂĄrios outros pergaminhos foi feito num sĂncrotron â um acelerador de partĂculas circular â no Reino Unido. Os dados foram disponibilizados pelo Vesuvius Challenge, que jĂĄ ofereceu prĂȘmio de US$ 700 mil (R$ 4 milhĂ”es) para pessoas que decifraram 2000 letras gregas de outro pergaminho.
Esse outro papiro, que jĂĄ foi desvendado, pode ter sido escrito pelo filĂłsofo epicureu Filodemo. No texto, ele fala de fontes de prazer, como mĂșsica e comida, e pergunta a si mesmo se as experiĂȘncias prazerosas vĂȘm da abundĂąncia ou da escassez, da pintura completa ou dos pequenos detalhes. TĂłpicos mais positivos que nojo, sem dĂșvida.
window.NREUM||(NREUM={});NREUM.info={âbeaconâ:âbam.nr-data.netâ,âlicenseKeyâ:âa715cdc143âł,âapplicationIDâ:â420428730âł,âtransactionNameâ:âYF1WYRNXWxJZABFRVlkXdVYVX1oPFxAMVl5bXQ==â,âqueueTimeâ:0,âapplicationTimeâ:602,âattsâ:âTBpBF1tNSE0aAkcCQkpFâ,âerrorBeaconâ:âbam.nr-data.netâ,âagentâ:ââ}
Fonte: abril