Produtores rurais de Mato Grosso têm encontrado na combinação estratégica de cultivares adaptadas e máquinas inteligentes uma alternativa para enfrentar os impactos climáticos adversos. A meta, segundo eles, é agilizar a colheita da soja e garantir uma janela mais favorável para o milho na segunda safra.
Em Mato Grosso, estado responsável por cerca de 25% da produção de soja do país, algumas adaptações estão sendo realizadas por pesquisadores com o intuito de garantir uma produção mais eficiente e sustentável a cada ano.
Entre os estudos estão a genética avançada com cultivares mais produtivas e resistentes a doenças e pragas, bem como a adversidade climática, que vem sendo observada nas últimas temporadas. As pesquisas, revelam os estudiosos, envolvem ainda melhoramento genético com uso de biotecnologia e desenvolvimento de sementes transgênicas para reduzir o uso de defensivos químicos e aumentar a resistência das plantas.
“Se pegarmos 20, 30 anos atrás as variedades, a gente tinha uma produção de 50 sacas em média em 130 dias. A gente sempre fala que 0,4 sacas ao dia era o potencial da soja no Brasil. Hoje, nós temos soja no país de 100 dias, 105 dias com 90 sacas. Passamos para 0,8 sacas, 0,9 sacas ao dia. Dobrou”, pontua o pesquisador da Fitolab, Eder Novaes Moreira.
Conforme o especialista, o resultado está ligado à tecnologia que está embutida nas variedades.
“Pensando nessa tecnologia, nós tínhamos a ferrugem asiática. Quanto custava fazer uma aplicação para a ferrugem? Eram 15 sacas de soja. Então produzia menos e tirava muito mais na proteção. Hoje, cinco aplicações de fungicidas são cinco sacas. E o produtor está tirando quanto hoje? 80, 90 sacas de soja. Tem potencial para isso. Você vê que acabou melhorando nesse aspecto, fazendo com que o agricultor possa investir um pouco mais e reduzir o seu risco”, diz Éder ao projeto Soja Brasil, do Dia de Ajudar.
Para o engenheiro agrônomo Cledson Guimarães Dias Pereira, o avanço tecnológico observado nas cultivares tem auxiliado na hora do planejamento. “Com a possibilidade dessas tecnologias, a gente consegue ano a ano aquilo que é planejado”.
Conforme o produtor Moacir Antônio Guarnieri, quem não acompanha a tecnologia “não sobrevive”. “Hoje, a agricultura do futuro é essa e ela veio para ficar. E, a indústria está acompanhando as nossas necessidades. Isso foi uma bênção para a agricultura. O clima tem a janela dele”.

Clima exige atenção para a rentabilidade
O clima foi um aliado no desenvolvimento da safra 2024/25 durante grande parte do ciclo. No entanto, as condições climáticas mudaram no final da safra, afetando diretamente o comportamento da planta na retirada dos grãos, momento considerado crucial que exige atenção redobrada dos produtores que precisam garantir a rentabilidade da temporada.
Em Boa Esperança do Norte, região médio-norte de Mato Grosso, a chuva não deu trégua ao produtor Cledemir Luis Mocelini, que nesta safra cultivou 2.640 hectares de soja. Ele conta à reportagem que no município teve propriedade que chegou a registrar quase dois milímetros de acumulado de chuvas, volume considerado acima da média.
“Para mim é a safra mais atrasada”, diz Cledemir.

Tecnologia dos maquinários é grande aliada
O avanço tecnológico dos maquinários também é considerado pelos agricultores fundamental para os resultados da porteira para dentro. Segundo eles, além de minimizar o risco de perdas e dar agilidade na colheita da soja, a alta tecnologia embarcada nos veículos pode garantir uma janela favorável para a segunda safra.
“Se não existisse essa tecnologia, hoje não estaríamos produzindo milho, porque colhemos soja e plantamos milho em toda a lavoura. Estamos sempre no limite. Se não existisse a tecnologia em termos máquinas agrícolas, eu, por exemplo, não estaria na atividade mais. Já estou com mais de 60 anos e gosto de fazer isso aqui”, frisa o produtor Valcir Strapasson.
O engenheiro agrônomo Cledson Guimarães Dias Pereira salienta que o fato de as plataformas estarem cada vez maiores, chegando até mesmo a ter mais de 50 pés, possibilita que o produtor tenha uma colheita mais rápida. Assim como as plantadeiras, que chegam a 45, 60 linhas.
“O produtor entra plantando na área que ele faria há 10 anos em três, quatro dias, hoje ele faz em um dia só com esses novos equipamentos, favorecendo a segunda safra”.
Este é o caso do produtor Moacir Antônio Guarniei. Com a ajuda da tecnologia empregada nas máquinas, em apenas dois dias conseguiu colher 400 hectares de soja. “Nunca imaginaria isso na minha vida, porque antigamente a gente colhia 50 hectares por dia com as maquininhas pequenas”.
O produtor Cledemir Luis Mocelini ressalta que “graças à tecnologia, o produtor conseguiu desenvolver mais e produzir mais e por isso a comida hoje está com preço mais acessível, pois se a gente ainda estivesse na época da enxadinha e na maquininha da triadeira de boi, que nem eu vim do passado, esse mundo velho estaria passando muito mais fome do que hoje”.
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Fonte: canalrural