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Finanças

Correios: Entenda a crise enfrentada pela empresa

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Nunca antes na história deste país os Correios, instituição outrora respeitadíssima por sua eficiência, estiveram em situação tão dramática quanto neste terceiro mandato de Lula. A estatal, que vem acumulando prejuízo recorde – o rombo do primeiro semestre deste ano, R$ 4,4 bilhões, já é maior que o resultado negativo de todo o ano passado –, procura desesperadamente um empréstimo na casa dos R$ 20 bilhões para não quebrar, mas mesmo os bancos estatais estão relutando em entrar no negócio, aceitando no máximo oferecer um décimo desse valor, segundo informações de bastidores. A decadência dos Correios sob o petismo é uma mistura de erros tradicionais dos governos do PT com a incapacidade da estatal de se adaptar a uma série de mudanças estruturais.

Fiel ao velho hábito de culpar governos anteriores por todas as mazelas atuais, o petismo afirmou que os lucros obtidos durante a gestão de Jair Bolsonaro se deviam ao represamento de investimentos, e que o prejuízo atual ocorria exatamente porque a estatal havia voltado a fazê-los. E, como Lula chama qualquer despesa de “investimento”, os executivos dos Correios usaram a mesma ótima para promover outro dos maus hábitos da esquerda no poder: inchar a estatal, realizando concursos para contratar novos funcionários. Além do inchaço, ainda havia o aparelhamento político: em fevereiro de 2023, Lula escolheu Fabiano Silva dos Santos, advogado do grupo Prerrogativas, para comandar os Correios – os advogados pró-Lula e anti-Lava Jato já emplacaram dezenas de membros em estatais, ministérios e tribunais superiores. Santos pediu demissão no início de julho e foi substituído por Emmanoel Rondon, funcionário de carreira do Banco do Brasil.

A decadência dos Correios sob o petismo é uma mistura de erros tradicionais dos governos do PT com a incapacidade da estatal de se adaptar a uma série de mudanças estruturais.

Para piorar, os Correios pagam até hoje a conta dos rombos causados pela administração irresponsável do Postalis, o fundo de pensão dos funcionários da estatal, durante os dois mandatos de Dilma Rousseff, entre 2011 e 2016. E decisões tomadas durante o governo Lula 3 também sangraram a empresa. Em 2023, a Receita Federal havia permitido que transportadoras privadas lidassem com remessas internacionais, retirando o que, até então, era um monopólio de fato dos Correios nessa área. Por fim, os próprios petistas assumem que a “taxa das blusinhas”, a tributação sobre encomendas internacionais de baixo valor imposta por Lula e Fernando Haddad em agosto de 2024 para turbinar a arrecadação federal, foi o golpe de misericórdia nas contas dos Correios. Um estudo interno da empresa afirma que a medida causou uma perda de receita estimada em R$ 2,16 bilhões no ano passado, já que os brasileiros pisaram no freio dos pedidos graças à taxação. A falha grotesca dos Correios, nestes casos, foi não ter se preparado para uma queda nas receitas que era previsível.

Em uma ironia bastante trágica, o mesmo petismo que acusa governos de direita de sucatear estatais para depois vendê-las conseguiu destruir os Correios de tal forma que a empresa se tornou “imprivatizável”, ainda que Lula quisesse se desfazer dela, o que não é o caso. Apesar de algumas vantagens competitivas que os Correios ainda mantém, como a sua capilaridade sem paralelo com nenhuma outra empresa de logística no Brasil, que comprador sensato aceitaria pagar qualquer valor de vulto por uma companhia que precisa de dezenas de bilhões de reais apenas para seguir respirando?

Sem a privatização no horizonte, resta apenas a via do corte drástico de despesas, com um enxugamento forte no quadro de funcionários e a venda de ativos que estejam ociosos, como imóveis. Mas, ainda que o petismo, tradicionalmente avesso a ajustes desse tipo, se rendesse à realidade, continuaria a haver dúvidas sobre o futuro do próprio modelo que rege os Correios. À medida que a empresa foi perdendo eficiência, nos últimos anos, concorrentes privados (incluindo grandes varejistas e marketplaces que criaram frota própria) ganharam espaço no mercado de entrega de encomendas, oferecendo os mesmos serviços com prazos e custos menores. A discrepância é tanta que apenas a um custo elevadíssimo os Correios seriam capazes de poder voltar a competir em pé de igualdade – um custo muito maior que os R$ 20 bilhões de uma conta que fatalmente acabará bancada pelo pagador de impostos brasileiro.  

Fonte: gazetadopovo

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