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Como tornar as férias com crianças com necessidades especiais em momentos de descanso e diversão

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As férias escolares costumam ser sinônimo de descanso, lazer e desconexão da rotina. É tempo de curtir os filhos, viajar e acordar mais tarde. Mas essa imagem idílica não reflete a realidade de todas as famílias. Para quem vive a rotina de cuidados com crianças atípicas, esse período pode ser tudo, menos leve.
Enquanto muitos escutam o tradicional “boas férias!”, outras famílias se veem diante de uma pergunta sincera: férias para quem?

A realidade das férias com crianças atípicas

Para muitas famílias atípicas, as férias escolares são o momento ideal para atualizar exames e consultas médicas, já que a rotina terapêutica e escolar da criança está pausada. O problema é que a demanda de saúde costuma ser intensa — e muitas vezes, exige deslocamentos longos, principalmente para quem mora em cidades pequenas e precisa encontrar profissionais especializados em grandes centros.

O trabalho remoto, que poderia ajudar, nem sempre resolve. Tentar trabalhar de uma sala de espera barulhenta, com o computador no colo e lidando com as necessidades da criança, é desgastante e pouco produtivo.

A escola como rede de apoio (que faz falta nas férias)

Durante o ano letivo, a escola é mais que um espaço de aprendizagem: ela funciona como uma rede de apoio essencial, com estrutura, acolhimento e profissionais especializados. Nas férias, essa rede some. E famílias que não têm apoio pago integral enfrentam uma equação difícil: trabalhar e cuidar da criança ao mesmo tempo.

Espaços sugeridos como coworkings com cuidadores geralmente não estão preparados para acolher uma criança com deficiência. Cada criança é única — e, para as famílias atípicas, a logística emocional, sensorial e prática para deixar a criança em outro local é tão complexa que, muitas vezes, a opção mais viável é ficar em casa.

Férias com crianças atípicas nas redes sociais: entre a cobrança e a realidade

É fácil se sentir pressionado nas férias. As redes sociais estão cheias de registros de famílias felizes, viagens incríveis e experiências inesquecíveis. Para quem cuida de uma criança atípica, muitas dessas experiências são simplesmente inviáveis. Parques barulhentos, eventos lotados, estímulos visuais excessivos e a falta de acessibilidade afastam as famílias de momentos de lazer.

A frustração vem não só da comparação, mas também da culpa: “será que estou fazendo o suficiente?”, “meu filho vai lembrar dessas férias com carinho?”. A verdade é que, muitas vezes, o maior desafio das férias com crianças atípicas é lidar com a expectativa — a nossa e a dos outros.

Como tornar as férias com crianças atípicas mais leves?

Antes de tudo, é importante reconhecer: as férias com crianças atípicas exigem planejamento, criatividade e resiliência. Mas algumas estratégias práticas podem ajudar:

1. Brinquedos de ficar em casa e brinquedos de sair

Tenha uma seleção especial de brinquedos que só aparecem nas saídas. Isso ajuda a manter o interesse e torna o momento fora de casa mais atrativo.

2. Livros interativos para todos os lugares

Escolha livros com texturas, dobraduras ou fantoches, que sejam fáceis de carregar e que envolvam a criança sensorialmente.

3. Elementos com função terapêutica

Itens como pop its, brinquedos de encaixe ou que simulam atividades do dia a dia (como zíperes ou cadarços) entretêm e estimulam ao mesmo tempo.

4. Explore o que funciona para a sua criança

Crie uma pastinha com ideias de brinquedos caseiros. As redes sociais estão cheias de inspirações simples e criativas — mas sempre adapte ao interesse e às necessidades da criança.

5. Monte uma maleta mágica

Reúna os brinquedos favoritos em uma pasta ou maleta que sempre acompanha vocês nas saídas. Pense em situações comuns (restaurante, sala de espera, parque) e escolha itens que funcionem nesses contextos.

6. Conecte-se com outras famílias atípicas

Conversar com quem vive realidades parecidas pode trazer dicas valiosas e acolhimento. Vocês podem compartilhar brinquedos, fazer encontros e trocar ideias que realmente funcionam.

Férias com crianças atípicas: uma pauta coletiva

Falar sobre férias com crianças atípicas é urgente. Precisamos de empatia, escuta e ação. Nem toda pausa é descanso. E reconhecer isso é o primeiro passo para construir uma sociedade mais inclusiva.

Enquanto muitas famílias típicas vivem o alívio do recesso, famílias atípicas seguem enfrentando a rotina com carga redobrada: além dos cuidados específicos da criança, continuam lidando com trabalho, casa, contas, crises existenciais e tudo o que a vida adulta exige.

Acolher é incluir

Se você conhece uma família atípica, pense em como pode oferecer apoio — prático, emocional ou mesmo simbólico. Incentive espaços acessíveis, questione a ausência de adaptações, e lembre-se de que o lazer também é um direito das infâncias diversas.

E se você é pai, mãe ou cuidador de uma criança com deficiência, lembre-se: você não está sozinho. Férias com crianças atípicas não são fáceis, mas você está fazendo o melhor possível. Falar sobre o cansaço, reconhecer os próprios limites e buscar formas de tornar esses dias mais leves não é fraqueza — é coragem.

Fonte: leiturinha

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