Os Estados Unidos são o terceiro maior parceiro comercial do agro brasileiro, atrás da China e da União Europeia. Produtores nacionais estimam uma perda de até US$ 6 bilhões caso as vendas para o o mercado norte-americano diminuam por causa do tarifaço, .
Diferentemente de outros países que buscaram o diálogo e souberam defender suas posições diante da decisão do presidente dos EUA, Donald Trump, o Brasil, lamentavelmente, não se sentou à mesa para negociar de forma eficaz ou sequer digna. Na prática, abdicou de seu papel estratégico.
Sob comando do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, essa postura representa uma péssima lição de política externa, cujas consequências já se materializam. Não acredito que, a curto prazo, o café e outros produtos atingidos terão suas tarifas reduzidas. Isso porque é evidente que Trump já discutiu com sua equipe econômica. Certamente, incluiu no pacote o que era de interesse prioritário dos norte-americanos, visando a resultados rápidos para sua economia interna.
Não se trata de uma agressão à nossa soberania. A raiz desse problema reside, inegavelmente, na construção deteriorada da relação entre Lula e Trump. Desde a eleição do republicano, , observamos uma série de comentários hostis e desnecessários tanto do petista quanto de de membros de seu governo.
Lula não se dignou a cumprimentar Trump depois da eleição norte-americana. Enviou apenas um mero ofício ao Departamento de Estado, e não diretamente ao então presidente eleito. Somados a isso, os acenos contínuos à China e à Rússia e a , configuram pequenas, mas acumuladas, ofensas diplomáticas que claramente irritaram a administração dos EUA.

Sabemos que Trump é um nacionalista, priorizando os interesses de seu país e de seus eleitores. O Brasil construiu uma relação ruim, resultando nas tarifas atuais. Reverter essa situação exige grande esforço e tempo, sem garantia de que o chefe da reconsiderará as sanções.
Apesar da liberação de linhas de crédito subsidiadas e antecipação de créditos acumulados de ICMS por parte de alguns Estados, a grande questão é: como transformar essas medidas em alívio real para produtores e exportadores do agro antes que a perda de competitividade se torne irreversível?
“O setor agropecuário brasileiro pode enfrentar um efeito dominó de cancelamento de contratos, retração da produção e a perda definitiva de seu espaço no mercado norte-americano”
Os benefícios concedidos de forma isolada, sem integração com regimes como Reintegra e Drawback, podem ser enquadrados pela Receita Federal como subvenções vedadas, gerando aumento efetivo da carga de IRPJ e CSLL.
A urgência do cenário exige uma ação rápida e coordenada em frentes como câmbio, tributação e comércio. Sem isso, o setor agropecuário brasileiro pode enfrentar um efeito dominó de cancelamento de contratos, retração da produção e a perda definitiva de seu espaço no mercado norte-americano.
Fonte: revistaoeste