A incapacidade fĂsica, a percepção de dor e a redução da qualidade de vida, comumente presentes nos pacientes com fibromialgia, contribuem para que sintomas ansiosos e depressivos estejam presentes em mais de um terço dos diagnosticados.
Siga o Sempre Dia de Ajudar no Instagram!
Isso porque, as atividades cotidianas, os padrĂ”es de comportamento e a dinĂąmica familiar sĂŁo capazes de gerar, manter e aumentar a magnitude da dor ou serem consequĂȘncia dela, interferindo na interpretação e percepção de estĂmulos nocivos, explica Thais Brito Vilela, psicĂłloga especialista em dor pelo Hospital Albert Einstein.
Por consequĂȘncia, ela acredita que aprender a gerenciar os sintomas e a manter o foco no cotidiano, descobrindo como nĂŁo tornar os ambientes estressores, as dificuldades de relacionamento e as frustraçÔes tornarem-se gatilhos de sensaçÔes de dor, aumenta o entusiasmo dos pacientes pela busca de uma qualidade de vida. âA dor e a fadiga estarĂŁo presentes, mas a constĂąncia Ă© a saĂda para viver melhor, apesar da doença. Acredito que a experiĂȘncia â como estar aberto para outras possibilidades de ação, começar as coisas aos poucos e de forma constante sĂŁo o segredoâ, orienta a psicĂłloga.
Para isso, o processo terapĂȘutico pode ser um aliado, jĂĄ que identificando quais partes da vida do paciente foram comprometidos pela fibromialgia, e quais podem ser modificados, o psicĂłlogo contribui para que a pessoa viva com mais significado, mesmo com a presença dos sintomas.
Nisso concorda JanaĂna, intĂ©rprete de libras e lĂder voluntĂĄria da Associação Nacional de FibromiĂĄlgicos (Anfibro), que apĂłs iniciar a terapia, aprendeu a lidar com as dores e tensĂ”es diĂĄrias, buscando equilibrar a mente, corpo e espĂrito.
Apoio da famĂlia Ă© essencial
JanaĂna precisou buscar uma recolocação profissional devido a dor incapacitante, e apenas aos 39 anos foi diagnosticada com fibromialgia, apĂłs investigar por quase vinte anos a causa das dores persistentes. Contudo, ao
receber o diagnĂłstico, embora tenha experimentado um alĂvio por ter a certeza
de que as dores não eram fruto da sua imaginação, não se sentiu acolhida por
seus familiares e amigos.
Isso acontece, segundo ThaĂs, porque os amigos e a famĂlia do paciente seguem o ritmo do desconhecimento, aumentando o sofrimento da pessoa ou por a estimularem, de maneira disfuncional, para assumir atividades cotidianas desgastantes, ou por reforçarem comportamentos de dependĂȘncia. âĂ
importante nĂŁo ser um juiz de limitaçÔes dizendo coisas como: âoutro dia sem se
levantar da camaâ e nĂŁo desencorajar movimentos de melhora, dizendo: âse vocĂȘ
fizer isso, vai piorar a sua dorâ, orienta a especialista em dor.
Pelo
contrĂĄrio, a psicĂłloga orienta que nĂŁo inferir ou subestimar o sentimento do
paciente Ă© a melhor forma para demonstrar aceitação de sua condição. âManter-se
aberto para lidar com os desconfortos das mudanças na rotina, acreditando e
respeitando o relato de dor, fadiga, sonolĂȘncia, irritabilidade ou sensação de
incapacidadeâ Ă© a melhor forma para famĂlia contribuir com o tratamento.
Infelizmente,
JanaĂna nĂŁo teve essa sorte. âMeu relacionamento nĂŁo resistiu Ă s crises de dor,
humor, chateação e choro. As pessoas me relataram que por sentirem-se
impotentes e não saberem como me ajudar, preferiam me deixar sozinha até eu
melhorar, tornando o processo mais sofridoâ, lamenta a voluntĂĄria.
Por isso,
somado ao tratamento do paciente, a busca da famĂlia pelo conhecimento, Ă©
primordial para o gerenciamento da dor. âNos dias difĂceis, a autocompaixĂŁo Ă© a
melhor ferramenta para contribuir com o controle da doença e seu próprio
acolhimentoâ, conclui ThaĂs.
Fonte: semprefamilia.com.br