Isang Awah*, The Conversation
Nem toda criança Ă© uma leitora voraz, mas pesquisas mostram que desenvolver um amor pela leitura no inĂcio da vida pode trazer muitos benefĂcios: impactos positivos na vida escolar, aumento de conhecimentos gerais, crescimento no vocabulĂĄrio, melhora na habilidade de escrita e desenvolvimento de empatia. Ă evidente que a leitura pode melhorar a vida de uma criança.
TambĂ©m jĂĄ foi provado que, alĂ©m de prazerosa, a leitura ajuda as crianças a cultivarem imaginação. E uma conclusĂŁo geral de diversos estudos diz que a leitura pode ser uma forma de combater exclusĂŁo social e aumentar o padrĂŁo educacional. No entanto, apesar dos diversos benefĂcios, as evidĂȘncias mostram que jovens estĂŁo lendo cada vez menos e que crianças nĂŁo desenvolvem o hĂĄbito da leitura atĂ© os 10 anos.
Alguns professores acham que os pais poderiam ser mais ativos ao incentivar a leitura de seus filhos. Estudos sobre o tema mostram que tanto o incentivo em casa quanto na escola são importantes para desenvolver o amor por livros. Apesar disso, minha pesquisa mostra que algumas atitudes de pais e professores fazem com que as crianças comecem a detestar a leitura.
Deixe que eles escolham os livros
Estudando crianças entre 9 e 12 anos, explorei o quanto elas leem por prazer e os diferentes fatores que influenciavam seu engajamento na leitura. As escolhas feitas por pais e professores, ou pais não permitindo que crianças leiam seus livros favoritos, são algumas das atitudes negativas no engajamento literårio. Assim como quando obrigam que a criança leia.
Algumas das crianças que estudei reclamaram que seus pais sempre escolhem os livros para elas e que esses livros nĂŁo eram os que gostavam. Um menino descreveu como difĂceis os livros que seu pai escolhia para que lesse e sĂł conseguiu citar uma vez que gostou de alguma leitura. Outras crianças tambĂ©m reclamaram dos livros escolhidos pelos professores. Geralmente sĂŁo livros difĂceis, chatos e nĂŁo lidos atĂ© o fim.
NĂŁo force a leitura
Algumas das crianças ainda disseram que seus pais nĂŁo deixam que leiam livros em que estĂŁo interessadas. Por exemplo, um menino disse gostar dos livros da Enid Blyton, mas seu pai nĂŁo autorizava que os lesse. Uma garota reclamou que seu pai interrompeu a leitura da sĂ©rie DiĂĄrio de um banana, âporque eles nĂŁo ensinam nadaâ.
Outras crianças afirmaram serem obrigadas a ler quando nĂŁo tĂȘm vontade ou a terminar um livro que nĂŁo gostam. EntĂŁo, por mais que a leitura seja importante para o desenvolvimento de uma criança, minha pesquisa mostra o motivo para que elas exercitem o direito de nĂŁo ler ou de parar de ler quando quiserem â o contrĂĄrio disso as faz desistir de criar o hĂĄbito.
Torne a leitura divertida
Nas entrevistas que fiz com as crianças, tambĂ©m descobri que era uma prĂĄtica comum entre pais e professores perguntarem sobre o livro que leram. Embora esse pareça um bom mĂ©todo de ensino, nĂŁo Ă©, no caso, para as crianças. Todas afirmaram que nĂŁo gostam de receber questionĂĄrios sobre os livros â e que as perguntas tiram a graça de ler.
Como as conclusĂ”es do meu estudo mostram, quando se trata de livros, Ă© importante respeitar a preferĂȘncia do seu filho â mesmo que quebre a sua expectativa. Existe evidĂȘncia de que as crianças sĂł gostam de ler livros que elas mesmas escolhem â e obrigĂĄ-las pode reduzir o potencial de engajamento. EntĂŁo, tanto os pais quanto os professores, devem lembrar que, Ă s vezes, as crianças apenas querem ler um livro de sua escolha e aproveitar a leitura sozinhas.
* Doutoranda em Educação na Universidade de Cambridge
Tradução de André Luiz Costa.
©2019 The Conversation. Publicado com permissĂŁo. Original em inglĂȘs.
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Fonte: semprefamilia.com.br