Se você consome mel, já deve ter percebido que ele dura por muito, muito tempo. Existem até relatos de mel encontrado em uma escavação de cerca de três mil anos no Egito —e que ainda estava próprio para consumo. Essa alta durabilidade também pode ser observada em alguns tipos de grãos (como arroz, feijão e milho, quando secos) e temperos, como óleo, sal e vinagre. O próprio açúcar, que fica ali na despensa, parece ter vida eterna enquanto aguarda ser usado.
Longe de serem “highlanders”, no entanto, esses alimentos também têm uma data limite para serem consumidos —embora durem, sim, por bastante tempo. Isso ocorre principalmente porque sua composição e seu modo de produção fazem deles uma base ruim para o crescimento de microrganismos como bactérias e mofo.
“Eles não estragam tão rapidamente pois não oferecem condições adequadas para a proliferação desses microrganismos”, explica Carla Tissianel, nutricionista da AmorSaúde, rede de clínicas parceira do Cartão de TODOS, que atua na unidade de Lauro de Freitas, na Bahia.
A especialista afirma que os principais fatores que contribuem para que esses alimentos tenham um prazo de validade maior (ou indeterminado) são:
Pouca água na composição (o que dificulta reações químicas e bioquímicas);
Excesso de açúcar e sal;
Adição de álcool;
Forma de produção/processamento (no caso dos industrializados).
Ok, mas quanto tempo duram?
Depende. De acordo com Sheila da Silva Sousa, nutricionista do Fleury Medicina e Saúde, uma média de armazenamento considerada saudável (e segura) é de um a dois anos para grãos de arroz e feijão secos; grãos de milho, cerca de dois anos; e óleo, vinagre e sal por mais de dois anos.
Mas a nutricionista lembra que, mesmo estando em condições normais, é recomendado renovar o estoque regularmente para garantir o frescor e o valor nutricional (que pode ser afetado pelo tempo) dos produtos.
No caso do açúcar refinado, por ser mais processado e ser mais seco, Tissianel afirma que alguns estudos sugerem que ele não tem data de validade. As versões demerara e mascavo, por outro lado, não recebem nenhum tipo de química para serem clareados e são mais úmidos e, portanto, têm uma vida útil menor em comparação ao refinado. “Por isso, o armazenamento requer cuidado para que não fiquem mofados”, avalia a especialista.
Já o mel pode durar por anos, mas, de acordo com uma determinação do Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento), baseada em estimativa feita em termos de segurança, o mais indicado é consumi-lo em até dois anos, para não haver riscos à saúde. E, se ele cristalizar, fique tranquilo: isso não significa que ele estragou.
“O mel cristalizado ainda é seguro para consumo e mantém suas propriedades benéficas, embora algumas pessoas prefiram a textura líquida”, afirma Sousa. “Se cristalizar, basta aquecer suavemente em banho-maria para retornar à consistência líquida”, ensina.
Como armazenar corretamente?
Alguns alimentos podem durar por anos, mas isso depende diretamente da forma como eles são armazenados. Ou seja: mel, açúcar, arroz e todos os outros produtos não vão permanecer comestíveis por muito tempo se não forem guardados da maneira correta.
“Seguir as instruções de armazenamento do rótulo é fundamental, pois qualquer falha poderá acarretar contaminação por bactérias, bolores e leveduras”, alerta o engenheiro José Diogo da Rocha Viana, doutor em engenharia de alimentos pela UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina) e que atua no Ceará.
Viana afirma que a melhor forma de guardar esses alimentos é utilizando formas de criar barreiras para evitar o contato com o ambiente externo (umidade, oxigênio e temperatura ambiente), pois estes são fatores fundamentais para favorecer o crescimento de microrganismos. “No entanto, o mais seguro é seguir as recomendações de armazenamento no rótulo”, reforça o engenheiro
Nesse sentido, veja aqui algumas dicas práticas para o dia a dia:
Mantenha os alimentos em recipientes herméticos para proteger contra umidade e a presença de insetos;
Guarde em local fresco e escuro, evitando exposição ao calor e à luz, que podem prejudicar a qualidade;
Verifique a vedação dos recipientes regularmente;
Lembre-se sempre de seguir as instruções específicas de armazenamento para cada tipo de alimento.
Como saber quando venceu?
De duas formas: respeitando a data de validade do rótulo, quando ela existir; ou avaliar se o alimento apresenta alteração de cor e sabor, mudança na consistência e cheiro forte e ruim (como azedo, por exemplo)
“A presença de mofo, insetos ou qualquer sinal de deterioração no produto é um sinal de que ele precisa ser descartado”, alerta Sousa. Na dúvida, sempre opte por adquirir outro —o valor geralmente não vale o risco de desenvolver uma intoxicação alimentar.
Fonte: uol