Os problemas realcionados ao comércio irregular de vinhos vai além e envolve risco sanitário, sonegação de impostos, crime organizado e violação dos direitos do consumidor. Esse foi o alerta feito pelo advogado Gabriel Leôncio Lima, especialista em inteligência antifraude da Diageo Brasil, durante uma capacitação realizada em Cuiabá voltada a empresários do setor de bares e restaurantes, fiscais e agentes públicos.
Gabriel destacou que a diferença de preço entre vinhos comercializados legalmente e os de origem duvidosa deve acender o alerta para o consumidor. Ele citou como exemplo o vinho argentino DV Catena, que custa cerca de R$ 240 no mercado formal, mas pode ser encontrado por até R$ 100 em canais paralelos. “Isso não é apenas passar a perna no governo. É uma questão de saúde pública seríssima”, afirmou.
Segundo ele, vinhos de descaminho frequentemente enfrentam problemas como choque térmico, armazenamento inadequado e danos estruturais à garrafa, o que compromete o conteúdo e pode levar à formação de trincas e liberação de pó de vidro, prejudicando a saúde de quem consome. “Você pode estar ingerindo vinho com gosto alterado, vinificado incorretamente ou até vinagrado. Isso não é digno de ser servido em restaurantes ou hotéis”, criticou.
O especialista orientou os indicadores visuais e documentais que ajudam a identificar vinhos irregulares: Ausência de rótulo em português com dados da importadora legalizada; Falta da marca da empresa responsável no Brasil (por exemplo, Mistral); Informações apenas em inglês ou espanhol; Rótulo sem o selo do MAPA (Ministério da Agricultura); E em alguns casos, vinhos comercializados com etiquetas específicas, mas sem as anotações de importação oficial.
“Se o rótulo não está em português e não há menção à importadora registrada, é descaminho. Acabou”, resumiu Gabriel.
O advogado também alertou que o crime organizado tem se utilizado do comércio de vinhos para lavar dinheiro no Brasil. Isso ocorre principalmente com vinhos argentinos, que entram no país com valor subfaturado ou sem qualquer tipo de tributação. “Na Argentina, o vinho tem tributação zero. Aqui, são mais de 60% de impostos. Essa diferença é explorada ilegalmente por organizações criminosas”.
Segundo ele, a falsificação de vinhos é mais comum em garrafas de alto valor, que ultrapassam R$ 20 mil por unidade. Já os vinhos comerciais, com preços mais acessíveis (de até R$ 2 mil), são menos visados por falsificadores, mas frequentemente entram no Brasil por rotas clandestinas, sem controle de qualidade ou procedência.
Fonte: hnt