Mato Grosso

Comando Vermelho cobra mensalidades e taxa maquinários de garimpeiros em Mato Grosso: entenda o esquema de extorsão

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A facção Comando Vermelho (CV), passou a cobrar mensalidades de garimpeiros em Mato Grosso, transformando cidades do interior em áreas sob controle armado da organização. O “informativo”, distribuído por líderes via WhatsApp, determina cadastro e pagamento de taxas para trabalhadores que atuam com balsas e equipamentos de extração mineral, sob ameaça de violência contra pessoas e máquinas.

Estudo do Fórum Brasileiro de Segurança Pública mostra que o crime organizado cresce no estado, dominando rotas de mineração e áreas estratégicas, enquanto homicídios disparam em municípios como Vila Bela da Santíssima Trindade e Sorriso, segundo reportagem da Agência Brasil.

O documento da organização alerta que “todos os trabalhos ilegais dentro do estado de Mato Grosso são prioridade e voltados à organização”. As cobranças devem ocorrer entre os dias 1° e 8 de cada mês, com valores definidos conforme o tipo de equipamento utilizado. Quem descumprir as regras enfrenta consequências graves: “Se por acaso insistir, será queimado sua máquina e poderá perder até mesmo a própria vida por estar batendo de frente”.

O avanço das facções no estado é reforçado por estudo divulgado nesta quarta-feira (19) pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) durante a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), em Belém. A pesquisa “Cartografias da Violência” aponta que o crime organizado está presente em centenas de municípios, com expansão constante.

Segundo Samira Bueno, diretora-executiva do FBSP, “essas facções, majoritariamente ligadas ao narcotráfico, veem no garimpo e em outros crimes uma forma de lucrar e lavar dinheiro. O Estado brasileiro precisará enfrentar essa intersecção entre crime e meio ambiente para garantir segurança e cidadania nos territórios”.

Entre as 17 facções ativas, o Comando Vermelho e o Primeiro Comando da Capital (PCC) dominam a região. O CV atua em 286 cidades, controlando 202 e disputando 84, com forte presença em rotas fluviais e garimpos ilegais. O PCC, por sua vez, atua em 90 municípios, com foco em rotas aéreas clandestinas e comércio internacional de drogas.

A violência reflete nos números de homicídios. Em cidades do Mato Grosso, como Vila Bela da Santíssima Trindade e Sorriso, os assassinatos dispararam nos últimos anos. Vila Bela passou de 12 homicídios em 2022 para 42 em 2024, um fenômeno associado ao avanço do CV e à exploração de garimpos, incluindo a Terra Indígena Sararé.

“O Comando Vermelho passou a controlar toda a cadeia de extração de minério na região, e os garimpeiros pagam taxa para explorar o território”, destaca Samira Bueno.

O estudo evidencia que, no Mato Grosso, a combinação de garimpo ilegal, narcotráfico e controle armado de territórios tem transformado cidades do interior em pontos estratégicos do crime.

Fonte: leiagora

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