A colheita do milho avança em Mato Grosso. Em Tapurah, no médio-norte do estado, os primeiros resultados de produtividade animam. Contudo, o otimismo divide espaço com a queda nos preços e a preocupação com a Diplodia, doença fúngica que pode afetar a qualidade do grão.
Os trabalhos de retirada do cereal das lavouras começaram em meados de maio. Conforme dados do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), até o dia 30 de maio apenas 0,97% dos mais de 7 milhões de hectares haviam sido colhidos.
Em Tapurah, as colheitadeiras já cortam os primeiros talhões na fazenda do produtor Diogo Ballistiere, retirando o milho no auge da maturação. Nesta safra 2024/25 foram cultivados com o cereal na propriedade 4,9 mil hectares.
“Nós vemos que os primeiros milhos como sempre produzem muito bem, dando início com médias regulares, médias boas. As chuvas se estenderam um pouco mais até o início de maio, então fez com que as últimas áreas granassem bem e tivesse um bom enchimento de grão. Provavelmente, vai superar os outros anos”.

Os bons resultados obtidos nos primeiros talhões também são comemorados pela produtora Natalia Becker de Oliveira. Com o bom regime de chuvas nesta temporada, ela ampliou o plantio dos milharais para 1.430 hectares.
Ela conta ao projeto Mais Milho, do Dia de Ajudar Mato Grosso, que conseguiram realizar um plantio rápido, o que auxiliou na decisão em plantar a área total com milho. Conforme a produtora, até o momento cerca de 100 hectares foram colhidos.
“Não tirou a média final, mas as médias preliminares estão dando entre 175 sacas e 180 sacas no início. Os últimos milho sempre cai produtividade, mas esse ano como a chuva estendeu e plantamos bons híbridos, mantivemos adubação, eu acredito que a média da fazenda vá ficar entre umas 150 sacas, que já aconteceu num ano bom de chuva como esse”, diz Natalia.
Otimismo na lavoura, preocupação nos preços do milho
O otimismo quanto à produção se espalha por todo o município de Tapurah, que nesta safra semeou 160 mil hectares de milho, conforme o Sindicato Rural.
“As primeiras colheitas estão mostrando que é muito boa essa produção. Grande parte das lavouras estão em excelente estado, então a produção sem dúvida vai ser uma produção bem a contento do produtor, de acordo com aquilo lá que ele fez os trabalhos”, pontua o presidente do Sindicato Rural de Tapurah, Dirceu Luiz Dezem.

A expectativa de uma boa produtividade no milho traz algum alívio para os produtores. Entretanto, não garante tranquilidade. Com o avanço da colheita, o excesso de oferta pressiona os preços para baixo e acende um sinal de alerta no campo: o risco de não conseguir cobrir os custos da lavoura.
“Com o andamento da safra, os preços tendem a diminuir. É uma preocupação, principalmente com o excedente da safra que fica aí e as contas vão chegando. É óleo diesel, funcionários, questão do operacional todo da lavoura que acaba concentrando nesse período e o produtor muita das vezes não vendeu e não se preparou para esse momento. Então vai encontrar dificuldades agora com os preços”, salienta Diogo Ballistiere.
Além da agricultura, a produtora Natalia Becker de Oliveira também trabalha com confinamento. “Há poucos meses atrás estávamos tentando achar milho para fornecer ao gado pagando R$ 80 a saca. E quando começamos a colher o preço estava R$ 60 e em menos de um mês já caiu para R$ 45. E hoje você não consegue mais do que isso”.
Conforme o presidente do Sindicato Rural de Tapurah, a soja apesar de ter registrado uma boa temporada também teve um “preço ruim”.
“Pagou só o custo da produção. Não sobrou. E, esse ano o milho nos preços que estão aí, dificilmente vai pagar alguma coisa do passado. No Rio Grande do Sul, onde eles sofrem há três, quatro, cinco anos, eles não estão conseguindo pagar as contas, nós só com um ano de seca ficamos arrolando contas. A maioria dos produtores estão pagando juro muito alto. Contas que foram arroladas para a frente só aumentam o juro. Se aumenta a dívida e o custo de produção também aumentou e não se paga mesmo com produção alta essa conta atrasada”, destaca Dirceu Luiz Dezem.
Outra preocupação em algumas lavouras, e que ajuda a aumentar ainda mais os custos, é quanto a presença da Diplodia. A doença fúngica afeta a qualidade do grão e pode gerar descontos na venda do milho.
“Interfere em relação ao custo da lavoura. É descontado 20%, 30% nesse grão ardido ou avariado e o preço é sempre menor desses milhos”, ressalta o presidente do Sindicato Rural.
+Confira mais notícias do projeto Mais Milho no site do Dia de Ajudar
+Confira mais notícias do projeto Mais Milho no YouTube
Clique aqui, entre em nossa comunidade no WhatsApp do Dia de Ajudar Mato Grosso e receba notícias em tempo real.
Fonte: canalrural