Sempre que o cinema aborda um protagonista consumido por uma obsessão que coloca em risco a própria vida e a de outros, inevitavelmente surge a comparação com , de Herman Melville. Filmes como , e exploraram esse tipo de obsessão, mas poucos o fizeram tão diretamente quanto em sua adaptação de Moby Dick.
Huston parecia ideal para a obra justamente por ter vivido algo semelhante nos bastidores de . Durante as filmagens, seu comportamento errático quase levou o roteirista James Agee à morte e, segundo relatos, ele escolheu filmar no Congo Belga não apenas por questões estéticas, mas porque o local era um paraíso para caçadas de elefantes.
Após um ataque cardíaco de Agee em 1951, Peter Viertel assumiu o roteiro e, anos depois, publicou um romance inspirado nessa experiência. O texto serviu de base para , dirigido e estrelado por .
O filme, lançado em 1990, foi um fracasso comercial, mas marcou um dos papéis mais desafiadores da carreira de Eastwood. Ele interpreta John Wilson, cineasta talentoso e moralista em certos aspectos — como ao enfrentar um hoteleiro que insultava um funcionário negro —, mas cuja verdadeira motivação para rodar o longa é caçar um elefante. Wilson nunca explica de forma convincente essa necessidade, acreditando que seu status em Hollywood lhe daria autorização para tal feito.
A narrativa critica o abuso de poder de Wilson, que culmina na morte de outra pessoa quando, no momento decisivo, ele hesita em matar o animal. O personagem é um grande diretor, mas não enxerga limites para si mesmo.
O fracasso de Coração de Caçador, que arrecadou 2 milhões de dólares frente a um orçamento de 24 milhões, levou Eastwood a seu pior trabalho na carreira, .
Fonte: adorocinema
