Pescoçudas, desengonçadas e fofinhas: as girafas parecem todas iguais, é verdade. Mas não são: existem quatro espécies desses mamíferos africanos, decretou um novo relatório que resume o consenso científico sobre o bicho. Antes, acreditava-se que todas girafas pertenciam a apenas uma espécie.
A conclusão é de um documento publicado em agosto pela União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN) que revisa as evidências científicas em relação aos animais.
Por mais de 260 anos, os cientistas acreditavam que todas girafas espalhadas por grande parte do continente africano eram da espécie Giraffa camelopardalis, com nove subespécies reconhecidas. Nesta classificação, as subespécies seriam bastante parecidas entre si em características gerais, mas distinguíveis umas das outras por conta de detalhes como os padrões de desenhos em suas pelagens.
Estudos recentes, no entanto, passaram a questionar essa ideia.
Por exemplo: análises de DNA de vários indivíduos que habitavam áreas diferentes revelaram que, do ponto de vista genético, as girafas se dividem em quatro grupos distintos que se separaram há pelo menos 280 mil anos. Estudos anatômicos, por sua vez, descobriram que há diferenças relevantes nos crânios dos bichos distantes uns dos outros.
Agora, com uma revisão de todos esses dados, a ciência passa a reconhecer quatro espécies de girafa, em linha com o indicado pelos estudos genômicos. A girafa-do-norte (Giraffa camelopardalis), que retém o nome da espécie única anterior, habita bolsões espalhados do Sudão do Sul ao Níger.
A girafa-reticulada (Giraffa reticulata) vive entre o Quênia e a Etiópia, e a girafa-de-Masai (Giraffa tippelskirchi) fica no leste africano. Por fim, a girafa-do-sul (Giraffa giraffa), como diz o nome, está na África do Sul e nos países vizinhos.
O próximo passo da IUCN é determinar o status de conservação de cada uma dessas espécies. Destas, a girafa-do-sul é a mais numerosa e não parece estar em risco, segundo dados preliminares. As outras três, porém, têm situações mais delicadas.
“Quanto mais precisamente entendermos a taxonomia das girafas, mais bem equipados estaremos para avaliar seu status e implementar estratégias de conservação eficazes”, diz Michael Brown, um dos autores do novo relatório.
Fonte: abril