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Ciência & Saúde

Como a extinção de elefantes pode piorar o aquecimento global

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“O argumento de que todos amam não foi o suficiente para impedir a matança desses animais [nas florestas africanas]. O argumento de que perder elefantes significa perder a biodiversidade da floresta também não funcionou”, disse Stephen Blake, professor de biologia da Universidade de Saint Louis (França). Mas temos outro bom motivo para não deixá-los sumirem do mapa: isso seria péssimo para a mitigação das .

A conclusão é justamente de um artigo de Blake, que dedicou grande parte de sua carreira ao estudo dos elefantes. Publicado nesta segunda (23) na revista científica Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS), o trabalho detalha como os elefantes africanos influenciam na retenção de carbono das tropicais – e sugere que outros megaherbívoros (com massa de uma tonelada ou mais) podem ter impactos semelhantes em seus ecossistemas.

A equipe de pesquisadores combinou dois grandes conjuntos de dados sobre a alimentação e navegação de elefantes africanos que vivem em florestas da África central e ocidental. Eles analisaram aproximadamente 200 mil registros e descobriram que esses animais atuam como “jardineiros” das florestas – e que, sem eles, estes lugares perderiam entre 6% e 9% de sua capacidade de capturar carbono da , contribuindo para o .

A ideia dos elefantes jardineiros apoia-se nas preferências alimentares destes animais: os pesquisadores observaram, no conjunto de dados utilizado, que os elefantes se alimentam quase exclusivamente de de madeira leve. Acontece que estas plantas (que parecem mais saborosas e nutritivas para os elefantes) crescem rapidamente para se sobrepor a outras e alcançar a luz solar. A madeira destas árvores têm baixa concentração de carbono – ou seja, elas sequestram pouco carbono da atmosfera em matéria-prima para galhos e folhas.

Um segundo grupo de árvores é composto por plantas de madeira pesada, com alta densidade de carbono. Elas demoram mais para crescer, e acabam ficando à sombra do primeiro grupo. O que os pesquisadores perceberam é que, conforme os elefantes se alimentam de madeira leve (arrancam folhas, galhos e mudas), eles promovem o crescimento das árvores de madeira pesada – que ficaram com mais espaço, luz e nutrientes no solo para si mesmas. A competição pelos recursos diminui.

Além disso, os animais acidentalmente distribuem sementes das árvores de alta densidade de carbono na floresta, porque comem seus grandes frutos nutritivos e liberam as sementes inteiras em suas fezes. Ao fim desse processo, elas estarão no solo, prontas para germinar e se transformar em grandes árvores na floresta.

Os elefantes, portanto, influenciam diretamente os níveis de carbono na atmosfera, abrindo espaço para árvores de madeira pesada na floresta – e as semeando por aí. Por isso, os pesquisadores escrevem: “A conservação bem-sucedida do elefante contribuirá para a mitigação das mudanças climáticas em escala globalmente relevante”. Blake explica em comunicado que estes animais são protegidos por leis nacionais e internacionais, mas a caça ilegal continua – por isso, muitas espécies estão ameaçadas de extinção. “Dez milhões de elefantes já percorreram a África. Agora, existem menos de 500 mil, em populações geralmente isoladas.”

Os cientistas pretendem utilizar a abordagem deste estudo para investigar a participação de outros nos níveis de carbono das florestas tropicais. Primatas e elefantes asiáticos, por exemplo, podem ter um papel semelhante ao dos elefantes africanos, favorecendo árvores que concentram altas taxas de carbono ao se alimentar de outras.

Fonte: abril

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