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Ciência & Saúde

Cientistas sugerem usar poeira lunar para combater o aquecimento global

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A nossa atmosfera funciona como um cobertor. A luz do Sol esquenta a superfície da Terra, que passa a emitir radiação infravermelha (que nós sentimos na forma de calor). Parte dessa radiação escapa para o espaço e parte se mantém aqui, presa debaixo do cobertor formado por gases como dióxido de carbono (o famoso CO2) e vapor d’água.

A este fenômeno natural damos o nome de . E é ótimo que ele exista. Caso contrário, a Terra teria temperatura média abaixo de zero, e a vida como conhecemos não existiria.

O problema é quando o cobertor fica grosso demais, e o calor se acumula em excesso por aqui. Isso se dá, por exemplo, a partir da queima de combustíveis fósseis – prática que apareceu no século 18 e vem se intensificando desde então, aumentando a quantidade de CO2 na atmosfera. Assim, a retenção natural e inofensiva de calor dá lugar ao . (Entenda mais sobre ele da Super.)

A solução mais óbvia é frear (ou zerar, na melhor das hipóteses) as emissões de carbono, investir em fontes de renováveis (como solar e eólica) e resolver o problema do – visto que as árvores absorvem doses cavalares de CO2 por meio da fotossíntese. Mas, volta e meia, alguns cientistas propõem medidas diferentonas para resfriar a Terra, que reduzam, por exemplo, a quantidade de luz solar que alcança nossa superfície. É uma tentativa de resolver o mal pela raiz. Essas soluções são frequentemente chamadas de “geoengenharia solar” ou “gerenciamento da radiação solar”.

Faz parte dessa seara o novo trabalho de cientistas da Universidade de Utah e do Observatório Astrofísico Smithsonian (EUA). Recentemente, eles publicaram, na revista científica PLOS Climate, uma proposta ambiciosa para combater o : criar uma nuvem de poeira lunar no espaço que serviria como um guarda-sol gigante para o planeta Terra.

A equipe usou simulações de computador para testar cenários variados em que grandes quantidades de poeira poderiam reduzir, de 1% a 2%, a quantidade de luz solar que chega por essas . A redução maior envolve o lançamento de 10 milhões de toneladas de poeira lunar no espaço a cada ano – uma quantidade de material lançada gradualmente, que não seria vista nem sentida pelas pessoas na superfície do planeta.

Cada rodada de poeira ficaria entre o Sol e a Terra por aproximadamente uma semana, e suas partículas teriam, em média, 0,2 micrômetros de comprimento – um tamanho ideal para alcançar um bom equilíbrio entre o sombreamento e a estabilidade do material no espaço. O guarda-sol de poeira ficaria, inclusive, no (ou L1). Esse é um dos cinco pontos no espaço descobertos pelo astrônomo italiano Joseph Louis Lagrange (1736-1813) em que as forças gravitacionais do Sol, da Terra e da Lua se equilibram.

Por que isso importa? O equilíbrio permite que objetos permaneçam estáveis, acompanhando a Terra. É justamente no L1 que satélites como o Solar & Heliospheric Observatory e o Deep Space Climate Observatory estão localizados.

Isso nos leva ao primeiro problema do plano da poeira lunar: para funcionar, seria necessário mover ou desativar tais satélites.

Não só. Para fazer um guarda-sol de poeira lunar, precisaríamos de bases lunares, uma infraestrutura de mineração do satélite, uma maneira de armazenar o material em larga escala e, claro, um jeito de lançar a poeira no espaço. Tudo isso por problemas legais e diplomáticos.

Por isso, os próprios cientistas reconhecem que sua proposta tem limitações. “Não somos em mudanças climáticas ou na ciência de foguetes necessária para mover a massa [necessária] de um lugar para outro”, eles afirmam em comunicado. “Estamos apenas explorando diferentes tipos de poeira em várias órbitas para ver o quão eficaz essa abordagem pode ser.”

As novas ideias, afirmam outros pesquisadores, servem mais para provocar o público e a comunidade científica. Mas a geoengenharia solar não está totalmente fora de cogitação: estas são abordagens alternativas para mitigar o problema do aquecimento global, que tem um custo-benefício diferente. Por enquanto, o plano é se ater às soluções mais óbvias.

Fonte: abril

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