Dois satélites europeus entraram em órbita na quinta-feira, na primeira missão para criar eclipses solares artificiais por meio de uma estrutura de voo no espaço. Chamada Proba-3, a missão marca a primeira vez que dois satélites terão que ter uma sintonia tão precisa: será necessário que eles se alinhem em uma posição com a precisão de um milímetro.
A ideia é que um deles, o Occulter, tampe a luz do sol e faça sombra no outro, chamado Coronagraph. Nessa posição, o Coronagraph “enxergará” um eclipse falso que durará seis horas e permitirá o estudo da coroa solar.
Os cientistas precisam bloquear completamente a face brilhante do sol para examinar a coroa fina que o envolve. Um dos mistérios que a pesquisa deve ajudar a solucionar é por que a coroa é mais quente do que a superfície do Sol. Os pesquisadores também querem entender melhor as erupções de bilhões de toneladas de plasma com campos magnéticos para o espaço, chamadas ejeções de massa coronal.
“A enigmática coroa – muito mais quente que o próprio Sol – é onde nasce o clima espacial. Já temos instrumentos que podem estudar o Sol, a baixa coroa e a alta coroa. No entanto, entre a baixa coroa e a alta coroa há uma região em que as observações são difíceis. Essa região, dentro de três raios solares, permanece pouco explorada.”, diz o material de divulgação da ESA sobre o Probe-3.
Aqui na Terra, os eclipses solares acontecem cerca de 60 vezes por século e duram poucos minutos. Por isso, o estudo prolongado da coroa solar é bem limitado: atualmente, os cientistas que estudam esse tipo de fenômeno viajam pelo mundo nas raras ocasiões em que podem observar um eclipse solar.
Agora, eles serão criados pelo menos duas vezes por semana, a depender da atividade solar. Os primeiros resultados do eclipse devem ser disponibilizados em março.
A Proba-3 é uma iniciativa da Agência Espacial Europeia (ESA) com 29 parceiros industriais. Os cientistas e engenheiros passaram dez anos projetando a missão, cujo lançamento ocorreu a partir da Índia no último dia 5.
“A decolagem de hoje foi algo que todos nós da equipe Proba-3 da ESA e nossos parceiros industriais e científicos esperávamos há muito tempo.” disse Damien Galano, gerente da missão Proba-3, em comunicado. “Agora, o trabalho árduo realmente começa, pois para atingir os objetivos da missão do Proba-3, os dois satélites precisam atingir uma precisão de posicionamento de até a espessura de uma unha comum, posicionados a um campo de futebol e meio de distância.”
O par de satélites voará junto, mantendo uma configuração fixa como se fossem uma única estrutura rígida de grande porte no espaço, para comprovar as tecnologias de voo espacial em formação.
“Atualmente, não é prático colocar em órbita uma única espaçonave de 150 m de comprimento, mas se o Proba-3 conseguir de fato atingir um desempenho equivalente usando duas espaçonaves pequenas, a missão abrirá novas formas de trabalho no espaço para o futuro. Imagine várias plataformas pequenas trabalhando juntas como uma só para formar telescópios ou matrizes virtuais de visão ampla.”, disse Josef Aschbacher, diretor geral da ESA, no mesmo comunicado.
Fonte: abril