A Agência Espacial Europeia (ESA) se prepara para lançar, em dezembro de 2026, o satélite PLATO (Planetary Transits and Oscillations of Stars, em português, “trânsistos planetários e oscilações de estrelas), uma missão com o objetivo de identificar exoplanetas semelhantes à Terra.
O satélite ficará posicionado a 1,5 milhão de km do nosso planeta, de onde poderá monitorar as vizinhanças de aproximadamente 200 mil estrelas localizadas a até mil anos-luz de distância.
Desde a descoberta do primeiro exoplaneta em 1995, o mapeamento desses astros avançou rápido: já identificamos 5,7 mil planetas fora do nosso Sistema Solar.
No entanto, ainda há muito (praticamente tudo) a aprender sobre esses corpos celestes. Com a missão, espera-se obter informações cruciais sobre o tamanho, a massa e a idade desses exoplanetas, parâmetros essenciais para saber se seria possível, em princípio, habitá-los.
No espaço, PLATO vai ficar no ponto Lagrange-2, um local no espaço aberto onde outros telescópios já funcionam — como o James Webb, que capta radiação infravermelha.
O Lagrange-2, embora pareça um naco perfeitamente comum de espaço aberto, tem uma propriedade especial: ali, as gravidades do Sol e da Terra se equilibram, o que confere uma grande estabilidade e previsibilidade à órbita das coisas deixadas ali.
O PLATO usará 26 câmeras de alta sensibilidade, capazes de detectar pequenas variações na luminosidade das estrelas, que indicam a passagem de um planeta em frente a elas — um fenômeno conhecido simplesmente como trânsito (daí a sigla ter essa palavra).
Catherine Vogel, da Thales Alenia Space, explica ao G1 a complexidade do trabalho: “É como apontar um laser para um grão de areia a um quilômetro de distância, sem se mover.”
Com a observação contínua por dois anos, PLATO permitirá que os cientistas analisem exoplanetas em potencial que orbitam suas estrelas em uma região habitável, onde a água líquida pode existir, condição fundamental para a vida como a conhecemos.
A missão terá uma duração inicial de quatro anos e será um passo crucial para responder perguntas fundamentais da astrobiologia: como os planetas e sistemas planetários se formam e evoluem? Existe um Sistema Solar similar ao nosso? E, o mais importante, há mesmo planetas potencialmente habitáveis por aí?
PLATO não apenas vai contribuir para a busca por vida extraterrestre, mas também vai gerar uma base de dados sem precedentes sobre sistemas planetários que será valiosa para gerações de cientistas.
As descobertas da missão serão complementadas pela futura missão Ariel, que tem previsão de lançamento em 2029, que se concentrará no estudo das atmosferas dos exoplanetas, ampliando ainda mais o entendimento sobre esses mundos distantes.
Isso significa que poderemos morar em outro planeta?
Por mais que a ciência já flerte constantemente com as ficções científicas, a mudança para um outro planeta que orbite outra estrela que não o Sol ainda é improvável. Ambientes hostis, como a radiação intensa e as temperaturas extremas de Marte, tornam a sobrevivência sem proteção quase impossível. Além disso, a falta de uma atmosfera respirável complica ainda mais a possibilidade de colonização.
E mesmo que essas condições fossem possíveis, não é só fazer as malas e ir. Para que isso se torne viável, seriam necessários sistemas de suporte à vida, que garantissem a produção de oxigênio e água, além de habitações seguras que protegessem os colonos das condições extremas.
A tecnologia também precisaria avançar para garantir autossuficiência, com infraestruturas que possibilitem o transporte e a comunicação em um ambiente isolado. Por fim, há o desafio mais trivial de chegar a esses destinos: uma viagem para qualquer um desses planetas, com a tecnologia atual, levaria bem mais do que uma vida humana.
Fonte: abril