Em diferentes culturas ao redor do mundo, o Homo sapiens criou algum tipo de bebida alcoólica ao longo da história. O Japão tem o saquê, os russos inventaram a vodka, a cachaça é made in Brazil e a cerveja, ao que tudo indica, já era conhecida por sumérios e egípcios há mais de seis milênios.
Agora, um novo estudo publicado no periódico Trends in Ecology and Evolution argumenta, com a ajuda de várias outras pesquisas anteriores, que o gosto pelo álcool não é uma exclusividade humana. Na verdade, o consumo alcoólico é abundante na natureza, já que o etanol está presente em praticamente todos os ecossistemas da Terra.
Normalmente, as espécies animais entram em contato com o álcool por meio do consumo de frutas açucaradas, seiva e néctar de plantas. Todas essas substâncias podem fermentar, produzindo concentrações baixas de 1% a 2% de etanol. Em alguns casos, como o de um babaçu fermentado, o teor alcoólico pode chegar a 10%, parecido com um vinho ou um espumante.
Alguns primos distantes evolutivos, como os chimpanzés da Guiné ou os macacos-aranha do Panamá, já foram pegos no flagra por cientistas ingerindo álcool por meio de seiva ou frutas passadas. Porém, ainda não há evidências suficientes para saber se eles ficam bêbados com esse consumo. Nós sabemos como uma pessoa se comporta bêbada, mas ainda não dá para saber com certeza como age um animal embriagado.
Os animais mais e menos bêbados
O estudo mostra que vários animais parecem ter uma tolerância ao álcool impressionante, como os escandentes, pequenos mamíferos do sudeste asiático parecidos com esquilos. Eles ingerem bastante etanol, mas não apresentam mudança de comportamento perceptível.
Os animaizinhos que consomem álcool frequentemente na dieta tendem a metabolizá-lo rapidamente, escapando da embriaguez. Mas e os bichos que não estão acostumados? Outro estudo mostrou que os picoteiros-americanos, aves comuns em todo o continente americano, morreram depois de se chocar contra cercas por estarem voando bêbadas depois de comer as frutas passadas de uma aroeira-vermelha brasileira. Outros animais até aprenderam a evitar a substância por causa de seus efeitos intoxicantes.
Alguns insetos parecem ter comportamentos alcoólicos muito parecidos com os de seres humanos. Os machos das moscas-da-fruta, por exemplo, procuram álcool depois de serem rejeitados por parceiras. É uma preferência geral da espécie procurar alimento com etanol.
De todos os animais que já tiveram seu consumo de álcool estudado, os mais resistentes são as vespas orientais. Num estudo recente, elas ingeriram soluções de teor alcoólico de 80% sem apresentar efeitos negativos de mortalidade ou comportamento. Fica o lembrete: nunca convidar vespas para uma festa open bar.
Fonte: abril