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Ciência & Saúde

Envelhecimento: a redução da massa muscular compromete sua mobilidade ao longo dos anos

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Fraqueza muscular, perda de peso, caminhada lenta, dificuldade para realizar atividades do dia a dia como subir escadas e levantar-se da cadeira, além das muitas quedas são algumas das características comuns de serem percebidas ao passar dos anos. Porém, não devem ser aceitas pela pessoa com naturalidade e merecem uma especial atenção.

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Doença progressiva
e generalizada da musculatura esquelética, a sarcopenia envolve uma acelerada
perda de massa, força e função muscular, define Marcelo Valente, especialista
em geriatria pela Santa Casa de São Paulo e pela Sociedade Brasileira de
Geriatria e Gerontologia (SBGG). Prevalente
com o aumento da faixa etária, o médico explica que a doença está relacionada a
diversos fatores, sejam nutricionais – com a diminuição da ingesta proteica,
hormonais – com a queda dos hormônios, sedentarismo, tabagismo, etilismo ou presença
de doenças crônicas.

Contudo, embora a perda de musculatura seja maior nesses indivíduos, também pode ocorrer em pessoas ativas e saudáveis. É o que explica a reumatologista Vanessa Hax, membro da Sociedade de Reumatologia do Rio Grande do Sul (SRRS) e reumatologista no Hospital de Clínicas de Porto Alegre. “A partir dos 40 anos de idade começa a haver perda de cerca de 1-2% de massa muscular por ano, e é por isso que a atenção com os músculos deve aumentar com o avanço da idade”, alerta ela.

Além disso, Vanessa explica que com o envelhecimento, o sistema musculoesquelético começa a apresentar uma menor resposta das células às ofertas de nutrientes, principalmente de proteínas, tornando o processo de regeneração e formação muscular menos eficiente. E por conferir um maior risco de quedas e fraturas, a sarcopenia impacta diretamente na qualidade de vida dos idosos, inclusive aumentando o número de hospitalizações e mortes, determinando um risco importante de desenvolvimento de incapacidade e dependência.

Por isso, a reumatologista orienta os pacientes que, ao perceberem as pernas e braços mais finos e flácidos ou apresentarem dificuldades para realizar movimentos rotineiros, como agachar para pegar algo, subir escadas ou se levantar da cadeira, procurem um médico especialista para diagnóstico e tratamento.

Suspeita clínica e avaliação da força e muscular compõem o diagnóstico

A sarcopenia é uma doença cuja prevalência é bastante comum nos idosos. Segundo a SBGG, atinge de 5 a 13% das pessoas com idade entre 60 e 70 anos, enquanto alcança até 50% dos idosos com mais de 80. E, embora ocorra tanto em homens quanto em mulheres, acomete com maior frequência as pessoas do sexo feminino, principalmente após a menopausa, conta Vanessa.

Contudo,
embora desde 2016 tenha sido reconhecida como doença pela Organização Mundial
da Saúde (OMS) e seja facilmente encontrada na população, o diagnóstico é muito
difícil de ser localizado entre os prontuários médicos, seja pelo
desconhecimento do profissional não especializado ou pela baixa procura de
ajuda pelos pacientes.

O diagnóstico, segundo Vanessa, se fundamenta principalmente na suspeita clínica, acompanhada de avaliação complementar da força e da massa muscular. Por inexistirem, até o momento, marcadores ou exames laboratoriais para o diagnóstico da doença, “recomenda-se que a investigação de sarcopenia seja feita por meio da aplicação de um questionário validado (SARC-F), respondido pelo próprio paciente ou com auxílio do profissional de saúde, onde serão avaliadas atividades da vida cotidiana, como necessidade de auxílio para caminhar”, descreve a médica. “Conforme o resultado, o paciente é encaminhado para a avaliação da força muscular ou exames de densitometria corporal total e a bioimpedanciometria”, diz ela.

“Pode-se, por meio de um equipamento chamado dinamômetro medir a força de preensão palmar, considerando-se diminuição da força quando esta for menor de 27 kg para homens e menor de 16 kg para mulheres”, ensina o geriatria Marcelo Valente, acrescentando que, se no teste de se sentar e se levantar da cadeira, o paciente demorar mais de 15 segundos para completar 5 movimentos de subida já é considerada a diminuição da força muscular.

E claro, nos casos de relato espontâneo de quedas, fraqueza, lentidão e dificuldade para realização das atividades básicas da vida diária, Vanessa acredita que fica evidente a necessidade de avaliação da sarcopenia, sem a necessidade da aplicação do questionário.

Bons hábitos são fundamentais para tratamento e prevenção

O tratamento, segundo a reumatologista Vanessa Hax , é de longo prazo e geralmente implica na necessidade de uma mudança no estilo de vida do indivíduo. “Até o momento, não há medicamentos especificamente aprovados para o tratamento da doença. Porém, se iniciado precocemente, com estímulo muscular por meio de exercícios físicos e fornecimento de suporte proteico-calórico adequado, há chances, inclusive, de reversão do impacto negativo na qualidade de vida do paciente”, esclarece.

E, se for acrescentada aos exercícios físicos de resistência – indicados de acordo com as condições físicas de cada paciente – uma alimentação equilibrada a prevenção e o tratamento se tornam mais fáceis. “Uma alimentação equilibrada, com foco na quantidade de proteínas diárias é fundamental, sendo entre 1,2 a 1,5g/kg/dia para tratamento e entre 1 a 1,2 g/kg/dia buscando a prevenção, divididas entre as três principais refeições”, recomenda Marcelo Valente.

“O uso de
suplementos de proteína pode ser necessário quando a alimentação não é
suficiente para repor a quantidade de proteínas e calorias necessárias
especialmente entre idosos frágeis, mas sempre sob orientação médica”,
acrescenta Vanessa. Além
disso, a adaptação da casa é fundamental para facilitar a realização das
atividades da vida diária e evitar quedas, orienta a médica.

E, ainda
que não seja uma doença hereditária e comum do envelhecimento, Valente alerta
para algumas condições que estão associadas a um maior risco do desenvolvimento
de sarcopenia, tais como: alimentação inadequada, sedentarismo, hospitalização,
polifarmácia e presença de doenças crônicas como insuficiência cardíaca, doença
pulmonar obstrutiva crônica, depressão, demência, diabetes e oncológicas.

Por isso, a prevenção, por meio de um estilo de vida saudável e controle de doenças crônicas, é fundamental para o envelhecimento saudável. “Praticar atividades físicas e ter uma alimentação balanceada, com ingestão de calorias e proteínas em quantidades adequadas a cada fase de vida do indivíduo são os pilares principais na prevenção da doença”, conclui Vanessa

Fonte: semprefamilia.com.br

Sobre o autor

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Fábio Neves

Jornalista DRT 0003133/MT - O universo de cada um, se resume no tamanho do seu saber. Vamos ser a mudança que, queremos ver no Mundo