Quando a Microsoft comprou a produtora Activision por US$ 68,7 bilhões, em 2022, a estratégia parecia clara: usar a franquia Call of Duty, uma superpotência que vendeu 425 milhões de cópias nas últimas duas décadas, para alavancar o serviço xbox Game Pass, sua grande arma na luta pelo mercado. Mas a aquisição levou 18 meses para ser liberada pelas autoridades regulatórias – e quando isso finalmente aconteceu, em outubro de 2023, o esperado não ocorreu: o primeiro CoD da era Microsoft não foi lançado no Game Pass.
Agora é diferente. Call of Duty: Black Ops 6, que foi lançado na sexta-feira (25), está no Game Pass: pode ser baixado gratuitamente pelos assinantes do serviço (que custa de R$ 35 a R$ 60 mensais, dependendo da plataforma e do plano). Também pode ser jogado via nuvem, sem console ou computador; basta um celular ou smart tv com o aplicativo Xbox, um plano do Game Pass e um controle bluetooth.
Isso sinaliza um caminho diferente para a indústria de games: em vez de comprar jogos a preço cheio, e rodá-los em consoles caros e potentes, o futuro talvez esteja em assinar serviços de games e jogá-los via cloud computing. É uma mudança de paradigma.
E Black Ops 6 está à altura: é o melhor título da franquia em anos, tanto no modo online quanto na campanha singleplayer. O modo multijogador mantém as qualidades que tornaram CoD dominante (controles precisos, ótimos mapas e sistema de ranqueamento) e traz uma boa novidade, o sistema omni movement. Ele permite que você corra ou mergulhe em todas as direções. Isso realmente muda um pouco a forma de jogar – tornando os movimentos mais ágeis, e as disputas mais intensas.
A campanha se passa em 1991, na primeira Guerra do Golfo, e coloca o jogador contra uma força chamada Pantheon, formada por ex-militares dos EUA. Como em outros CoD, o desenrolar da história é meio abrupto: o jogo gasta menos tempo do que deveria para explicar as coisas. Mas a premissa é interessante – e tem uma reviravolta que prende a atenção.
A campanha tem oito a nove horas, uma duração aceitável (no jogo do ano passado, eram parcas 4h). Os gráficos chamam a atenção pela qualidade, com iluminação realista, cenários detalhados e bons efeitos de fumaça e partículas. Estão acima da média dos CoD – e se aproximam de Call of Duty: Vanguard (2021), até hoje o melhor nesse aspecto.
Testamos o jogo no Xbox Series X, onde ele rodou de forma irrepreensível, mantendo 60 fps estáveis mesmo nos momentos com mais elementos e efeitos visuais. O único porém é que o controle do Xbox Series X/S não possui gatilhos adaptáveis, como os do PlayStation 5 (que simulam bem os trancos dos tiros e recargas das armas).
No Series X, o jogo completo tem 88,3 gigabytes, sendo 56,5 GB para a campanha e 44,3 GB para o modo multijogador. Além disso, você pode escolher os elementos que quer baixar. Isso remedia o problema dos últimos CoD, que ocupavam muito espaço na memória do console.
As fases são lineares, bem ao estilo da franquia, mas há uma exceção: uma delas, no deserto do Iraque, é de mundo aberto, com um mapa grande e objetivos secundários que você pode ou não fazer (eles estendem em aproximadamente 2h a duração da campanha).
Nessa fase, alguns momentos lembram Metal Gear Solid V, a obra-prima do japonês Hideo Kojima – porque você tem de pensar no que vai fazer, e tentar passar despercebido (não adianta simplesmente chegar atirando).
Somando tudo, o resultado é ótimo. Call of Duty: Black Ops 6 é o melhor jogo da franquia em anos, e um ponto alto para o Game Pass (no qual a Microsoft também está liberando os antecessores CoD Modern Warfare II e III, com os respectivos modos online e singleplayer).
O Game Pass subiu de preço nos últimos tempos e não é mais tão barato, especialmente no plano Ultimate. Mas, ao incluir o novo CoD já no lançamento (bem como outro blockbuster, Indiana Jones e o grande círculo, que será lançado em dezembro) ele volta a ser bem atraente – e renova a aposta da Microsoft no seu serviço de jogos por assinatura.
Call of Duty: Black Ops 6 está disponível gratuitamente para assinantes do serviço Game Pass (PC, Xbox e nuvem). Também é vendido avulso, por R$ 339, para PC, Xbox e PlayStation.
Fonte: abril