Pesquisadores chineses deram um passo no combate à crise climática ao desenvolver um sistema de simulação oceânica com resolução inédita de um quilômetro, capaz de capturar com detalhes os processos dinâmicos dos oceanos.
O simulador, batizado de LICOMK++, foi criado pelo Instituto de Física Atmosférica e pelo Centro de Informação de Redes Computacionais da Academia Chinesa de Ciências. O anúncio aconteceu no último dia 8.
Os oceanos desempenham um papel central na regulação do clima do planeta. Eles absorvem grande parte do calor excedente e do dióxido de carbono gerados pela atividade humana (dois dos principais motores do aquecimento global). Modelar com precisão essas interações sempre foi um desafio, devido à imensa capacidade computacional exigida por simulações complexas. Agora, graças ao desenvolvimento de novos algoritmos e à otimização do desempenho de softwares, os criadores do LICOMK++ podem ter ajudado a superar esse obstáculo.
O simulador foi apelidado pela mídia estatal chinesa de “microscópio oceânico” devido ao seu nível de detalhe. A nova ferramenta permite rastrear fenômenos antes inalcançáveis em simulações desse porte, como redemoinhos oceânicos, fluxos de calor e interações entre correntes marítimas, fundamentais para entender e prever o comportamento de sistemas climáticos em escala regional e global. Tudo isso com uma resolução de um quilômetro (pense que os oceanos cobrem 360 milhões de quilômetros quadrados de área da Terra).
Com uma simulação mais fiel da realidade, o LICOMK++ pode trazer benefícios diretos na previsão de eventos extremos, como tufões, inundações costeiras e ondas de calor marinhas, além de contribuir com o planejamento urbano costeiro, a gestão de recursos marinhos e a resiliência frente às mudanças climáticas.
Segundo a Administração Meteorológica da China, o novo modelo deve fortalecer as capacidades de monitoramento e resposta a desastres naturais. Já especialistas internacionais apontam que o LICOMK++ tem potencial para colaborar com centros meteorológicos e científicos ao redor do mundo, ajudando a aprimorar previsões e a desenvolver políticas públicas mais eficazes frente aos riscos climáticos crescentes.
Fonte: abril