Nós, Homo sapiens, gostamos de modinhas. O TikTok e o Instagram estão aí para provar: toda semana uma nova tendência aparece. Agora, cientistas estão descobrindo que essa atração por modas do momento não é uma exclusividade humana.
Chimpanzés (Pan troglodytes), os parentes mais próximos dos seres humanos, foram vistos seguindo um padrão de comportamento muito parecido com tendências da moda dos sapiens. Animais em cativeiro no Orfanato de Vida Selvagem Chimfunshi, na Zâmbia, começaram a usar grama como acessório nas orelhas (e até na bunda).
Os chimpanzés pegam folhas de grama, colocam na orelha ou no traseiro e deixam ela pendurada por um tempo. Pelas observações dos pesquisadores, o comportamento não tem nenhum propósito físico ou médico, ou seja, não traz um benefício óbvio. Mesmo assim, a moda se espalha de macaco em macaco.
O comportamento de usar grama na orelha foi identificado por cientistas pela primeira vez em 2010. Na época do primeiro estudo, só um grupo participava da modinha. Agora, outros grupos do mesmo santuário de chimpanzés adotaram a tendência de forma independente – e introduziram a nova moda de grama no reto. Esses padrões comportamentais foram descritos num artigo na revista científica Behaviour.
Trend dos macacos
Os dois grupos que desenvolveram as tendências paralelas não têm contato um com o outro, mas compartilham os mesmos cuidadores humanos. A origem da modinha, então, deveria ter a ver com a presença dos responsáveis.
Os pesquisadores suspeitam que a ideia de usar grama na orelha como um acessório tenha surgido originalmente como uma forma de tentar copiar esses Homo sapiens com quem eles tinham contato, que às vezes usavam uma folha de grama ou um palito de fósforo para limpar a orelha. Com a transmissão entre chimpanzés, a modinha do brinco natural foi se transformando até virar o que virou, com o posicionamento da grama em um lugar mais curioso.
Em 2010, o comportamento começou com uma fêmea chamada Julie. Depois dela, os pesquisadores observaram sete membros de seu grupo seguindo a onda. A chimpanzé Julie morreu em 2013, mas alguns dos membros do grupo continuaram com a moda.
No segundo grupo, cientistas começaram a observar a moda em 2023. Eles observaram todos os chimpanzés do santuário durante 12 meses, e descobriram que no grupo de Julie os brincos de grama já tinham saído de moda: só dois animais continuavam usando, e um deles era o filho de Julie. No caso do segundo grupo, a tendência da grama no bumbum começou com um macho, chamado de Juma, e se espalhou no período de uma semana entre seus colegas.
Os pesquisadores acreditam que estar no cativeiro tem uma influência no aparecimento dessas tendências. Entre chimpanzés selvagens, que passam seus dias procurando comida e lidando com mais desafios, esses comportamentos aparentemente sem sentido não são registrados. O tempo livre do cativeiro, onde os animais recebem comida todo dia, abre espaço para comportamentos grupais como esses.
Animais sociais, como os chimpanzés e os seres humanos, são especialistas em imitar uns aos outros. Geralmente, esses comportamentos repetitivos são associados a encontrar comida ou benefícios mais óbvios e imediatos, relacionados à sobrevivência. Porém, de vez em quando uma moda temporária pode se espalhar, mesmo sem benefício óbvio para a população. É o caso desses acessórios de grama.
No mundo animal, não são só os primatas que estão suscetíveis às tendências. Um grupo de orcas curtiu andar com salmões mortos na cabeça, como chapéus, no ano passado, e a Super contou tudo aqui. Identidade social e coesão de grupo são importantes também no oceano e na selva.
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Fonte: abril