O Brasil já soma 121.803 casos de chikungunya e 113 mortes confirmadas em 2025, segundo dados do Painel de Monitoramento das Arboviroses, do Ministério da Saúde.
Em Mato Grosso, os números acumulados do ano chegam a 49.161 casos prováveis, com 60 mortes confirmadas e 25 em investigação. No entanto, há meses o estado não registra novos casos nem óbitos pela doença, o que traz um cenário de estabilidade.
O coeficiente de incidência no território mato-grossense, de 1.281,4, reflete a intensidade da transmissão no início do ano e reforça o alerta das autoridades de saúde.
Especialistas pedem atenção contínua
Durante o Congresso Nacional de Reumatologia, realizado em Salvador (BA), a reumatologista Viviane Machicado Cavalcante, presidente da Sociedade Baiana de Reumatologia (Sobare), chamou atenção para o fato de que a chikungunya continua sendo um desafio para o sistema de saúde.
Ela destacou que o principal obstáculo está no controle do mosquito transmissor, especialmente em razão da falta de saneamento básico em várias regiões do país. A médica também ressaltou a necessidade de ampliar a rede pública para acompanhar os pacientes, já que, em muitas localidades, não há ambulatórios suficientes para o tratamento adequado.
Alerta internacional
A Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) também emitiu alerta para surtos localizados nas Américas. Até 9 de agosto, 14 países da região notificaram 212.029 casos suspeitos e 110 mortes, com mais de 97% deles concentrados na América do Sul.
“A presença simultânea desses e de outros arbovírus aumenta o risco de surtos, complicações graves e mortes, especialmente entre populações vulneráveis”, alertou a entidade.
No Brasil, o vírus já provocou ao menos sete grandes ondas epidêmicas desde que foi identificado no país há pouco mais de dez anos.
Vacina sob análise
Uma das apostas para conter a doença é a vacina desenvolvida pelo Instituto Butantan em parceria com a farmacêutica Valneva. O imunizante, produzido com vírus vivo atenuado, chegou a ser aprovado pela Anvisa em abril para aplicação em adultos.
No entanto, em agosto, a agência reguladora dos Estados Unidos (FDA) suspendeu a licença do produto após relatos de efeitos adversos graves, como encefalite idiopática, hospitalizações e até mortes. A decisão pode levar a Anvisa a reavaliar sua posição.
Segundo a reumatologista Viviane Machicado Cavalcante, a suspensão ocorreu recentemente e ainda não há definição sobre como a agência brasileira vai se posicionar diante do caso.
Como se prevenir
A chikungunya é transmitida pela picada do mosquito Aedes aegypti, também responsável pela dengue e pelo zika. Os sintomas mais comuns são febre alta, fortes dores articulares, dor de cabeça, calafrios e manchas vermelhas no corpo. Em casos graves, os pacientes podem desenvolver dor crônica nas articulações que pode durar anos.
A principal forma de prevenção continua sendo o combate ao mosquito, com a eliminação de água parada em vasos de plantas, pneus, garrafas plásticas e piscinas sem uso.
Embora Mato Grosso esteja em estabilidade, especialistas reforçam: os números nacionais mostram que a chikungunya segue como uma ameaça de saúde pública e exige atenção permanente.
Fonte: primeirapagina