O alto comissário da Organização das Nações Unidas (ONU) para os direitos humanos, Volker Türk, classificou como “abominável e cruel” a encenação feita pelo Hamas ao entregar os restos mortais de quatro reféns israelenses. O grupo terrorista devolveu os corpos nesta quinta-feira, 20, como parte do acordo de cessar-fogo com o Israel.
O sequestro das vítimas ocorreu em Gaza durante o atentado de 7 de outubro de 2023.
Durante a cerimônia pública, Türk condenou o que chamou de “desfile de corpos” na Faixa de Gaza. Ele afirmou que a ação violava o direito internacional.
“O desfile de corpos que vimos esta manhã é abominável e cruel, e vai contra a lei internacional”, afirmou o comissário da ONU. “Pedimos que todos os retornos sejam realizados confidencialmente, com respeito e cuidado.”
Pela primeira vez, o Hamas devolveu corpos de reféns como parte do cessar-fogo. O grupo repetiu o ritual de cerimônias anteriores para entrega de prisioneiros vivos. Terroristas fardados posicionaram-se no palco em Khan Younis, cidade palestina situada no sul da Faixa de Gaza, onde exibiram os caixões. Cinegrafistas uniformizados registraram a cena.
Cada caixão preto trazia uma pequena foto da vítima. Ao fundo, uma imagem retratando o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, como um vampiro reforçava a alegação de que os reféns morreram em ataques israelenses.
“O criminoso de guerra Netanyahu e seu Exército nazista mataram-nos com mísseis disparados de aviões sionistas”, dizia um mural montado pelo grupo terrorista.
As Forças Armadas de Israel inspecionaram e confirmaram o recebimento dos caixões e encaminharam os corpos ao Instituto Nacional de Medicina Forense para identificação.
O Fórum das Famílias de Reféns e Desaparecidos organizou uma cerimônia em Tel-Aviv em tributo às vítimas.
do Hamas
O Hamas afirma que os corpos são de Oded Lifshitz, de 84 anos, e de Shiri, Kfir e Ariel Bibas — mãe e filhos que se tornaram símbolo da luta pela libertação dos reféns. Os corpos passarão por identificação em Israel.
A família Bibas tinha nacionalidade israelense e argentina. Shiri e os filhos moravam em Nir Oz, no sul de Israel, com o marido e pai, Yarden. Kfir, de nove meses, era o refém mais jovem capturado pelo Hamas. Ariel, seu irmão, tinha quatro anos.
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O grupo terrorista anunciou em novembro que Shiri e os filhos morreram em um ataque israelense em Gaza, sem confirmação do Exército de Israel. Muitas pessoas ainda acreditavam que estavam vivos. Yarden Bibas foi libertado em 1º de fevereiro.
Já Oded Lifshitz, de 84 anos, também morava em Nir Oz e era voluntário em um projeto que transportava palestinos de Gaza para tratamento médico em Israel. Os terroristas invadiram e incendiaram sua casa e, depois, sequestraram ele e sua mulher, Yocheved. Ela foi libertada em uma troca anterior.
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Depois da devolução dos corpos, afirmou que o país estava “unido em uma dor insuportável”. Ele prometeu vingança contra o grupo terrorista.
“Todos nós sofremos com uma dor misturada com raiva”, disse o premiê israelense. “Estamos todos furiosos com os monstros do Hamas. Ó Eterno, Deus de vingança, mostra-te. Aparece, ó Deus da vingança.”
David Mencer, porta-voz do governo israelense, também reagiu. “O Hamas não é um movimento de resistência”, disse. “O Hamas é um culto à morte que assassina, tortura e exibe cadáveres.”
Fonte: revistaoeste