No último sábado (16), familiares e representantes de movimentos sociais promoveram um ato em Barueri (SP) para marcar os 10 anos da chacina de Osasco, considerada uma das maiores execuções da história recente de São Paulo. Em 13 de agosto de 2015, 19 pessoas foram assassinadas em apenas duas horas, em ataques atribuídos a policiais militares em retaliação à morte de um PM e de um guarda-civil metropolitano dias antes.
Das 19 vítimas, 15 foram mortas em Osasco, três em Barueri e uma em Itapevi. O ato reuniu mães e familiares de vítimas de outras chacinas, como Mães de Maio e Mães de Manguinhos, reforçando a luta contra a violência policial.
Antônia Lúcia Gomes da Silva, que perdeu o filho Jailton Vieira, relatou a mudança de vida após a tragédia. Sem receber indenização do Estado, ela afirmou que precisou deixar sua cidade para cuidar dos netos. “O policial já está na rua trabalhando. Ele pode fazer a mesma coisa de novo, contra pessoas pretas e pobres”, disse.
Aparecida Gomes da Silva Assunção, mãe de Leandro Assunção, também destacou a ausência de punição efetiva. “Você não vê justiça, só mais mortes nas periferias”, afirmou. Já Rosa Francisca Correa, mãe de Wilker Osório, morto com 40 tiros, relatou que todas as famílias seguem em luto permanente.
Nos anos seguintes à chacina, quatro policiais foram levados a julgamento. Dois PMs receberam penas superiores a 240 anos de prisão cada, enquanto um guarda civil foi condenado a mais de 100 anos e outro ex-PM a 119 anos. No entanto, recursos resultaram na absolvição de dois condenados em novo julgamento em 2017. A Secretaria de Segurança Pública informou que todos os policiais envolvidos foram expulsos da corporação.
O ato em Barueri reforçou a cobrança por justiça e reparação, lembrando que a chacina de Osasco segue como um marco trágico da violência policial no país.
Fonte: cenariomt