“Ele falou que é um direito dele e realmente o regimento dá esta prerrogativa a ele, de quem propõe primeiro ser presidente (…). Eu tentei fazer um encaminhamento para a Janaína ser relatora, avançou, mas no final as mulheres se juntaram e decidiram que elas querem fazer um outro trabalho, trabalhar a questão de orçamento, de recurso para esse fretamento, enfim, algumas políticas públicas e elas vão trabalhar isso através da formação de uma câmara temática”, disse Russi.
Assim que assumiu como deputada, substituindo o deputado Valdir Barranco (PT), Edna Sampaio inicialmente se movimentou pela criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) sobre o tema, mas acabou dialogando com o Governo e aceitou a criação de uma comissão especial. Cattani, porém, que teve uma filha morta por feminicídio, apresentou o requerimento primeiro. Segundo Max Russi, o conflito foi resolvido após negociação.
“Conversei com os dois, a deputada Janaina participou também, deputada Sheila participou também, a gente tentou fazer um, digamos assim, ‘bem bolado’ aí. (…) O deputado Cattani vai presidir uma comissão, liderar esse processo, essa análise, investigação, fazer todo esse trabalho. Cada líder de bloco vai indicar alguém para compor e também paralelo a isso a deputada Edna, com a liderança da deputada Janaina, elas vão criar uma câmara temática (…). Então nós teremos uma comissão especial [presidida] pelo Cattani e uma câmara temática liderada pela Edna, pela Janaina e pela deputada Sheila Klener”.
A deputada Janaina Riva afirmou que o diferencial da Câmara Temática será a possibilidade de propor modificações no orçamento do próximo ano para corrigir falhas do sistema de proteção às mulheres.
“Nós vamos ouvir as famílias de vítimas de feminicídio, mas com o viés de fazer modificações orçamentárias. Precisamos entender onde essas mulheres foram negligenciadas pelo poder público e, a partir daí, corrigir as distorções com recursos garantidos”.
Na avaliação de Janaina, a proposta também evita que a comissão especial perca representatividade feminina com a saída de suplentes, no caso, Edna e Sheila.
“A gente estava temerária de criar uma comissão e daqui a pouco ficar só uma deputada e quatro deputados. Não é isso que queremos, precisamos da maioria de vozes femininas nesse debate”, disse.
Além das atuais deputadas, a câmara temática também deve reunir ex-deputadas.
Fonte: Olhar Direto