Casa em Palafitas: Projeto Vão Integrado à Mata Atlântica – Conheça essa Surpreendente Residência Sustentável

Em Maresias, no litoral norte de São Paulo, um terreno imerso na Mata Atlântica desafiou o Studio Carlito e Renata Pascucci Arquitetura a criar uma casa que quase não tocasse o chão. Elevada em palafitas e abraçada pela vegetação, a residência nasceu para permitir que a natureza seguisse soberana. Para os moradores, Paula e Diego, é um refúgio que une arte, simplicidade e afeto. O resultado é uma casa leve e integrada ao entorno. Conheça o projeto.

A implantação entre as árvores

Implantar a casa sem ferir a Mata Atlântica foi o ponto de partida dos profissionais. O terreno, tomado por árvores nativas e marcado por forte declividade, exigiu precisão técnica e sensibilidade. Daí surgiu a decisão que guiou todo o projeto: elevar a construção em palafitas, permitindo que a vegetação permanecesse praticamente intocada e que os animais continuassem circulando livremente pelo solo. “Queríamos garantir um impacto positivo, respeitando a drenagem natural e reduzindo a umidade na construção”, explicam os arquitetos.

O resultado é uma casa que se apoia suavemente no terreno, como se flutuasse entre a copa das árvores, conectando o visitante ao cenário logo no primeiro passo sobre o deck suspenso.

Materiais naturais e escolhas que contam histórias

Os arquitetos optaram por trabalhar com materiais brutos, como concreto aparente, aço, madeira e ladrilhos hidráulicos. Durante a obra, surgiram achados que deram ainda mais personalidade ao projeto. O principal deles foram seis portas altas de demolição, encontradas em uma antiga garagem náutica. Com madeira marcada pelo tempo e ferragens originais, elas se tornaram peças centrais da casa.

Outros elementos garimpados se somaram ao conjunto: peças de acervo pessoal, obras dos moradores, mobiliário assinado e objetos carregados de memória compõem uma atmosfera de simplicidade sofisticada. Cada escolha reforça o desejo de reutilizar materiais, valorizar texturas e permitir que a casa carregue histórias – algumas trazidas, outras construídas ali.

Um único volume como um grande loft aberto

O pedido de Paula e Diego era simples e, ao mesmo tempo, desafiador: uma casa ampla, quase sem divisórias, onde tudo se conecta. Esse desejo foi traduzido em um único volume linear, como um grande loft aberto, no qual os espaços de convivência se alinham e se abrem para a mata. Cada espaço é definido pelo mobiliário, não paredes. O fluxo é contínuo, a circulação é livre e a paisagem funciona como pano de fundo permanente.

Cozinha, o coração da casa

A cozinha, pensada como coração da casa, ocupa o centro dessa integração e foi projetada para garantir praticidade e proximidade. Os módulos industriais de inox, conferem funcionalidade e um toque de modernidade e leveza ao ambiente. Esse visual mais industrial contrasta com as texturas naturais da madeira, do concreto e com a vista direta para a mata.

A varanda como ponto de encontro

A varanda é onde a casa revela sua alma festeira. Suspensa entre as árvores e totalmente integrada aos ambientes internos, ela funciona como uma extensão da cozinha. O elemento que mais chama atenção é a canoa de pescador transformada em bar, suspensa por cordas.

A suíte: descanso entre as árvores

Sem excessos, a suíte é ampla, arejada e profundamente integrada ao entorno, não apenas pela vista, mas pela sensação de estar imersa na paisagem. Cada detalhe reforça essa atmosfera leve e contemplativa, marcada por materiais naturais e pela presença constante da luz.

O deck spa: contemplação entre as árvores

Conectado à suíte, o deck spa é um dos pontos mais especiais da casa. Suspenso em meio à vegetação, ele cria uma experiência sensorial única. A banheira amplia essa sensação de imersão. Tomar banho ali é quase um ritual, criando um momento raro de pausa e contemplação. Um refúgio a céu aberto, onde a natureza assume o protagonismo.

Conforto térmico e iluminação natural

A casa foi projetada para receber luz abundante e manter o frescor durante todo o dia. Tudo isso sem recorrer ao ar-condicionado, por escolha dos moradores. As grandes aberturas garantem ventilação cruzada, permitindo que o ar circule livremente entre os ambientes. A claraboia amplia esse efeito: além de iluminar, cria um fluxo natural de ar quente para cima, deixando o interior mais agradável. A altura das palafitas ajuda a afastar a construção da umidade do solo, enquanto as árvores ao redor funcionam como sombreamento natural, mantendo a temperatura equilibrada.

Esta casa em Maresias mostra como a arquitetura pode ser leve, respeitosa e profundamente conectada à vida e à natureza. Um projeto que celebra o encontro, a simplicidade e o tempo, exatamente como seus moradores sonharam. Veja também a casa da pedra, outra residência que se conecta com a natureza no litoral paulista.