A vitória do ultradireitista Javier Milei nas eleições presidenciais argentinas pode ter reflexos no mercado de carros no Brasil. Isso porque o presidente eleito do país vizinho prometeu romper relações com o governo brasileiro durante sua campanha, além de também encerrar todas as negociações com a China e com a Rússia.
“Não só não farei negócios com a China, como não farei negócios com nenhum comunista. Sou um defensor da liberdade, da paz e da democracia. Os comunistas não se enquadram nisso, nem os chineses, nem Putin, nem Lula”, disse Milei durante uma entrevista ao americano Tucker Carlson durante a campanha.
O Brasil é o maior parceiro comercial da Argentina, o que dificultaria o cumprimento desta promessa, mas caso isso aconteça, muitos carros que são fabricados lá poderiam deixar de ser vendidos aqui. Ou, numa hipótese menos pessimista, custarem mais do que hoje já que o Mercosul garante isenções de impostos.
O carro argentino mais vendido do Brasil é o Fiat Cronos. O sedã compacto é feito em Córdoba e exportado a países vizinhos. Também abastece o mercado local, onde é o automóvel líder em vendas.
É o mesmo caso do Peugeot 208. A marca deixou de fazer carros no Brasil para transferir toda a sua produção sul-americana para a Argentina depois que o SUV 2008 saiu de linha. O utilitário esportivo já teve a nova geração confirmada para o país de Milei, deixando a fábrica brasileira de Porto Real (RJ) para a linha Citroën.
Outro carro feito lá é o Volkswagen Taos. O SUV médio é feito em Palomar, de onde também sai a picape Amarok para os mercados locais e brasileiros.
O segmento de picapes médias, aliás, é o que sofreria o maior baque caso as relações comerciais sejam mesmo rompidas. Além da Amarok, Toyota Hilux, Ford Ranger e Nissan Frontier são importadas da Argentina.
O fluxo contrário também pode ser afetado, apesar da queda acentuada na exportação de veículos. Segundo dados da Anfavea, foram vendidas ao país vizinho apenas 4.335 veículos em setembro. No mesmo mês de 2022, foram 9.159 unidades.
Entre janeiro e setembro, na comparação com o mesmo período do ano passado, a queda foi de 15%: de 106.516 unidades em 2022 para 90.759 unidades neste ano. De qualquer forma, um rompimento nas relações atingiria a indústria brasileira.
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Resta saber se as promessas de campanha serão de fato mantidas durante o governo. Milei não conta com maioria no Legislativo, o que exigirá dele acordos com políticos moderados como o ex-presidente Mauricio Macri e a candidata derrotada Patricia Bullrich, do partido PRO.
Menos radicais, esses grupos devem pressionar pela manutenção dos laços com o Brasil e também a preservação do Mercosul.
Fonte: autoo