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Brasil lidera buscas por tadalafila no Google, com crescimento surpreendente entre mulheres

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O interesse pela tadalafila atingiu níveis inéditos no Brasil em 2024, impulsionado pelo aumento das buscas no Google, especialmente entre mulheres. O medicamento, tradicionalmente utilizado para tratar disfunção erétil em homens, ganhou destaque nas redes sociais, em que conteúdos não especializados sugerem novos usos, incluindo para o público feminino.

Dados fornecidos pelo Google ao g1 revelam que o Brasil liderou as pesquisas globais sobre tadalafila nos últimos 20 anos. O país registrou o dobro de buscas em comparação ao Líbano, o segundo colocado. Esse cenário reflete a popularização do remédio, que alcançou a marca de 64 milhões de unidades vendidas em 2024, volume recorde na última década, segundo a Anvisa.

O aumento nas vendas acompanha o crescimento de vídeos no TikTok e no Instagram, em que influenciadores divulgam o uso da substância para melhorar desempenho sexual e potencializar treinos, apesar da ausência de comprovação científica. Muitas dessas publicações têm como foco o consumo por mulheres, o que elevou questões como: “O que acontece se a mulher tomar tadalafila?”.

Segundo especialistas, como os ginecologistas Marcelo Steiner e Mariane Nadai, não existe indicação médica para o uso da tadalafila por mulheres. Eles explicam que o medicamento atua como vasodilatador nos corpos cavernosos do pênis, mecanismo que não se aplica à anatomia feminina, e que não há evidências de benefícios para o público feminino.

“A gente já tem pesquisas que mostram que isso não ajuda mulheres. As pessoas estão sendo levadas por desinformação”, disse Steiner. “A libido feminina tem uma relação hormonal que o medicamento não é capaz de influenciar, e, ainda que ele, por exemplo, aumentasse o clitóris, a sexualidade feminina é muito complexa, e isso não é garantia de prazer”, disse ao g1.

A médica Mariane Nadai reforça a necessidade de cautela, já que a tadalafila não foi desenvolvida para o organismo feminino e não há estudos que comprovem a segurança do uso em mulheres. “Entendo as mulheres buscarem alternativas, porque o acesso a uma solução é mais fácil para os homens que para elas”, explica em entrevista ao G1. “Mas é preciso cuidado, porque esse medicamento não foi estruturado para o corpo feminino. A gente não sabe sobre a segurança dele, e automedicação pode colocar as pessoas em risco.”

Além do uso para libido, as redes sociais também promovem a tadalafila como potencializadora de rendimento esportivo, frequentemente em associação a anabolizantes. O médico do esporte Carlos Eduardo Viterbo esclarece que pesquisas já mostraram ausência de melhora significativa de desempenho físico com o uso do medicamento.

“Estamos vendo corpos irreais serem colocados como alvos”, diz Viterbo. “Não são corpos atléticos de quem treina, mas um corpo feito à base de substâncias. Isso afeta homens e mulheres, e os dados mostram quanto elas estão nesse grupo e são vulneráveis. Estão vendendo promessas irreais, e as pessoas estão acreditando.”

Fonte: revistaoeste

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