Além do sucesso nas redes sociais, os livros de colorir como o Bobbie Goods também passaram a ser indicados por psicólogos como uma prática simples e eficaz para aliviar a ansiedade e o estresse, sentimentos conhecidos por quem busca deixar de fumar, como Paula, ou passar menos tempo nos feeds intermináveis das redes sociais.
Como tudo que se torna um hype no TikTok e Instagram, exemplares de Bobbie Goods tomaram conta da fachada de lojas, sejam elas no Centro de Cuiabá ou em shoppings da capital, que além dos livros também expõem os kits de canetinhas usados para pintar.
Em uma das lojas que vendem os livros de colorir na rua 13 de Junho, na capital, a atendente conta a reportagem que a procura por eles é diária e constante. “Todo dia vem alguém procurando para comprar, não são só adultos, eu mesma comprei um e estou pintando há 15 dias. Ajuda a aliviar o estress. Muitas mães compram para as crianças ficarem menos no celular, escuto muito isso aqui”, conta Vitoria Souza, de 22 anos.
Ao Olhar Conceito, a advogada conta que começou a ver cada vez mais vídeos de pessoas colorindo no TikTok e, consequentemente, o algoritmo da rede social passou a entregar ainda mais conteúdo do tipo. Neles, influenciadores dão dicas de como criar texturas nos desenhos, por exemplo, fazendo com que o resultado impressione quem está assistindo. De cara, ela notou que as gravações passavam a sensação de calma.
“Eu já gostava de pintar, então fui ficando cada vez mais interessada e acabei comprando um caderno da marca. No começo, não imaginei que pintar poderia me ajudar com o vício. Mas como os vídeos de pessoas pintando me passaram sensação de calma, achei que poderia ser um bom passatempo. Quando comecei de fato a pintar, percebi que era uma forma de aliviar a ansiedade e manter a mente ocupada, funcionou como uma nova válvula de escape, ocupando a mente de forma criativa, leve e acolhedora. Foi aí que percebi que poderia usar como ferramenta para sair do hábito de fumar”.
Paula explica que a relação que tinha com o cigarro eletrônico era de dependência. O hábito de fumar começou em 2021 e foi aumentando rapidamente, chegando ao ponto da advogada precisar acordar de madrugada para usar o cigarro eletrônico.
Neste ano, ela passou a trabalhar em home office e a comodidade de estar em casa durante todo o dia aumentou ainda mais o vício. “Fumava o tempo todo, quase sem perceber. Isso já vinha me incomodando há algum tempo, acabei notando que já não fumava por prazer, era um habito, no automático. Como todo meu tempo de lazer estava associado ao cigarro eletrônico, assistir filme, mexer no celular, até momentos de pausa durante o dia. Tudo era um gatilho para fumar. A pintura veio como algo novo, que ainda não estava vinculado ao vício”.
Ela logo percebeu que a pintura, um hábito novo, ainda não estava vinculada ao vício de cigarro eletrônico, já que ela não fumava enquanto pintava. “Consegui viver aquele momento com mais leveza, sem a ansiedade de precisar fumar junto. Foi aí que percebi que colorir podia ser uma forma de relaxar e me concentrar sem recorrer ao cigarro eletrônico. Foi uma mudança muito significativa na minha rotina e no meu bem-estar.
Para Paula, a experiência de colorir foi além de um passatempo. Ela acredita que a atividade tem potencial terapêutico real. “Acredito que pintar pode ser uma ótima forma de lidar com a ansiedade e substituir hábitos ruins. É simples, acessível, e ao mesmo tempo muito poderoso”, afirma. No seu caso, colorir foi essencial para mudar a rotina e romper com o ciclo de dependência do cigarro eletrônico. “Acho que pode ajudar outras pessoas também”.
Fonte: Olhar Direto