Eu acredito que alguns livros nos encontram quando mais precisamos. Talvez seja por isso que a importância da leitura para adultos tenha se tornado tão evidente na minha história. Minha relação com os livros começou justamente em um momento de crise.
Eu tinha 17 anos e vivia tempos difíceis em casa, por conta de problemas de saúde da minha mãe. Em uma ida despretensiosa à livraria após a faculdade, encontrei um livro de capa rosa, com uma coroa e um coturno. Me encantei. Era O Diário da Princesa, também conhecido como o meu passaporte irrevogável para o mundo da leitura.
Então, algo inédito aconteceu: em poucos dias, eu havia devorado o livro e comprado vários outros, que me distraíam enquanto passava as tardes com a minha mãe no hospital. Aos poucos, se tornou comum me ver sempre com um livro debaixo do braço. Ainda hoje, tantos anos depois, me lembro com certo carinho de um dia que passei no sofá, gripadíssima, mas feliz por não precisar interromper a minha leitura de A Mediadora.
Na época, eu só estava me divertindo com os livros — ou era o que eu pensava. Anos depois, percebi que era muito mais do que isso. Fosse no hospital com a minha mãe, no transporte público ou entre uma aula e outra, a leitura havia se tornado uma companhia constante. Um refúgio. Entrar em um universo onde uma garota via pessoas mortas e se apaixonava por um fantasma me fazia acreditar no meu próprio final feliz, contra todas as probabilidades.
E é por isso que insisto em dizer: a leitura tem um papel transformador na vida adulta. Ela não apenas informa ou educa, mas também acolhe, distrai e cura. 💖
Por que a leitura continua sendo essencial na vida adulta?
Desde então, foram muitas as vezes em que os livros se revelaram muito mais do que a minha versão adolescente poderia imaginar. Não é exagero dizer que obras como Mamãe e eu e mamãe, Pachinko, As alegrias da maternidade e As pequenas chances me ajudaram a lidar com o luto, repensar decisões importantes e até reconstruir minha identidade após a maternidade.
Esses são só alguns exemplos de como a leitura para adultos pode servir como ferramenta de autocuidado, autoconhecimento e transformação pessoal.
Recentemente, conheci o conceito de ficção de cura — e me apaixonei, especialmente pelas obras de autores asiáticos. São histórias singelas, porém pungentes, que tratam de questões reais com sensibilidade. Costumam ser também leituras acolhedoras, que provocam reflexão e, muitas vezes, nos guiam a respostas que mudam a forma como enxergamos o mundo (e a nós mesmos).
Como cultivar o hábito de leitura na vida adulta?
Claro que sei que incorporar a leitura à nossa rotina é um desafio. Mas entender a importância da leitura para adultos passa também por enxergá-la como algo possível. Por isso, compartilho algumas dicas que funcionaram para mim:
1. Permita-se abandonar livros 👍🏻
Não se obrigue a terminar um livro só porque começou. Muitas vezes, ao insistir em uma leitura que não nos prende, deixamos de ler qualquer coisa. Escolha histórias que realmente te interessem — e deixe outras para outro momento (ou para nunca mais).
2. Não transforme a leitura em meta de produtividade 🚨
Vivemos em uma sociedade que transforma tudo em tarefa — até mesmo nossos momentos de lazer. Mas a leitura não precisa (e nem deve) ser uma obrigação. Encare-a como uma pausa, um alívio, um momento seu.
3. Explore temas que fazem sentido para você 🧚
Mais do que escolher gêneros, pense nos assuntos que te movem. Luto, maternidade, autoconhecimento, relacionamentos, história… Quando o tema nos toca, a leitura flui com muito mais naturalidade.
4. Tenha sempre um livro por perto 📖
Na correria do dia a dia, os momentos de leitura podem surgir nas pequenas brechas: uma espera no consultório, o intervalo do almoço, o trajeto de ônibus. Carregar um livro físico, um e-book no celular ou até ouvir um audiobook pode transformar esses instantes em experiências ricas.
A importância da leitura para adultos vai muito além do conhecimento. Ela pode ser afeto, companhia, respiro, reconstrução. E, talvez, seja exatamente isso que esteja te esperando nas páginas do próximo livro. 😉
Fonte: leiturinha