A região de Shibuya, em Tóquio, já era conhecida como um dos locais mais movimentados e visitados da capital japonesa antes mesmo de ganhar uma nova fama de 2020 para cá: um local repleto de banheiros inusitados, que viralizaram nas redes sociais por seu design diferentão.
Tudo faz parte do The Tokyo Toilet, um projeto que construiu 17 banheiros públicos inovadores em Shibuya, de olho em mudar a percepção desses lugares como um espaço sujo e pouco sanitário. Inaugurados em 2020, a ideia era utilizá-los durante as Olimpíadas daquele ano, que foram adiadas para o ano seguinte em função da pandemia.
Mesmo que os visitantes não tenham chegado na época pretendida, nos anos seguintes os banheiros de Tóquio conquistaram rapidamente o noticiário e a internet, com uma série de propostas ousadas. O ápice aconteceu com o lançamento do filme Dias Perfeitos, do diretor alemão Wim Wenders, que tem como protagonista um homem de meia idade, o excelente ator Koji Yakusho, cujo trabalho é limpar alguns dos banheiros que fazem parte do projeto The Tokyo Toilet.
Dois deles, em particular, renderam ainda mais assunto nas redes: banheiros com paredes de vidro transparente, que se torna fosco apenas quando o usuário tranca a porta.
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Comentários on-line logo se acumularam falando sobre o medo de que o sistema não funcionasse direito e expusesse alguém em seu momento de intimidade. E, no final de 2022, esse pesadelo que parecia uma brincadeira se tornou realidade: o vidro parou de funcionar.
O que aconteceu?
Foi em dias especialmente frios do inverno japonês, em dezembro, que usuários dos banheiros transparentes acabaram se deparando com a mais desagradável das surpresas: na hora de atender ao chamado da natureza, foram a uma dessas unidades buscando o alívio e… seguiram visíveis para quem estava do lado de fora.
As reclamações rapidamente se repetiram, e os responsáveis pelo projeto tiveram que investigar. No fim, admitiram: o frio realmente afetava o funcionamento da tecnologia.
Embora detalhes específicos não tenham sido revelados, a informação repassada à imprensa, na época, era de que as partículas no interior do vidro acabavam sendo afetadas pela temperatura ambiente. Abaixo de uma determinada faixa, o frio as endurecia e tornava lenta demais sua resposta ao impulso elétrico que deixava o vidro fosco, incapaz de produzir o efeito de privacidade instantânea quando o banheiro era ocupado.
Segundo informações divulgadas na ocasião, depois da crise inicial a empresa que opera o espaço instalou dispositivos para garantir que o sistema elétrico dos banheiros oscilasse constantemente entre os estados “ligado” e “desligado” durante o inverno. Com isso, as partículas seriam capazes de permanecer suficientemente aquecidas para driblar os efeitos da temperatura baixa.
Corro risco de ser visto dentro do banheiro?
Depois do episódio em 2022 e das medidas tomadas pelos responsáveis, não parece ter havido uma crise semelhante envolvendo o banheiro transparente de Tóquio.
Ao menos, nada que tenha gerado um desconforto grande o bastante para provocar uma resposta oficial das autoridades de Shibuya ou das empresas envolvidas na manutenção das estruturas do projeto Tokyo Toilet.
Mas, por via das dúvidas, pode ser uma boa ideia procurar outro banheiro público se o dia estiver frio demais…
Fonte: viagemeturismo