Viajar para um lugar distante costuma ser sinônimo de lazer, aventura e novas descobertas. Mas o trajeto até o destino nem sempre é tão agradável. É bastante comum ficar desconfortável com as longas horas no assentos da classe econômica do avião, que podem ser estreitos ou não permitir esticar totalmente as pernas.
A start-up Chaise Longue criou um sistema que promete trazer uma solução para esse problema: as cabines de dois andares nos aviões. O modelo foi exposto em três edições da Aircraft Interiors Expo, feira que destaca as inovações para o design do interior de aviões.
Em fevereiro de 2025, a empresa anunciou a apresentação de seu projeto para a Airbus. A gigante da aviação confirmou a parceria à CNN Travel, mas os diálogos ainda estão em estágio inicial e não há confirmação de que o sistema será implementado.
Como surgiu a ideia?
O fundador da Chaise Longue, Alejandro Núñez Vicente, tinha apenas 21 anos quando começou a desenvolver um projeto para inovar a disposição dos assentos de aviões. A inspiração veio de uma dificuldade pessoal: com quase 1,90 m de altura, Alejandro não conseguia se acomodar nos assentos tradicionais em longas viagens.
Primeiro, a ideia foi apresentada em um trabalho para a faculdade e o projeto contemplava o modelo de avião Flying-V, criado pela Universidade de Tecnologia de Delft. Mas com adaptações, o design agora pode ser aplicado também a aeronaves de médio e grande porte, como as do tipo Boeing 747 e Airbus A330.
Como funciona o sistema Chaise Longue?
Na prática, os assentos da classe econômica ficam dispostos de maneira similar à das poltronas de cinema. Enquanto uma fileira fica na altura do piso da aeronave, a fileira seguinte fica mais elevada. Cada par de fileiras ganha um desnível que, segundo a empresa, permitiria aos passageiros reclinar mais as poltronas e esticar as pernas.
Degraus dão acesso ao nível superior de poltronas. O design elimina as cabines superiores para armazenamento de bagagem. Malas e bolsas teriam de ser acomodadas no espaço abaixo das poltronas.
A Chaise Longue defende que o sistema traz mais conforto para longas viagens de avião. As vantagens também se estendem às companhias aéreas, que poderiam alocar mais pessoas nas cabines e disponibilizar mais passagens.
Por enquanto, não dá para saber se e quando será possível experimentar essa nova forma de viajar. O design precisa ser aprovado por órgãos reguladores da aviação civil, que levam em conta a segurança das viagens. Os assentos tem de permitir saídas rápidas e ser à prova de acidentes frente a pousos e manobras de emergência. A acessibilidade para pessoas com problemas de mobilidade, com deficiências ou acompanhados por cães-guia, também precisa ser garantida.
Nas redes sociais, a ideia de Alejandro Vicente enfrentou resistências: há quem não tenha gostado da ideia de ficar com o rosto próximo da traseira de outro passageiro quando estiver sentado no nível inferior, e quem tenha achado o design ainda mais apertado do que as poltronas convencionais.
Novas ideias para a primeira classe
Na edição de 2024 da Aircraft Interiors Expo, a Chaise Longue investiu na divulgação de um novo projeto premium. Agora, o design foca na primeira classe e oferece assentos que se convertem em cama.

A ideia de dois níveis se mantém, mas as poltronas ganham uma extensão para as pernas, onde o passageiro pode se esticar por completo e dormir em viagens longas. Quem fica na poltrona de cima não enxerga quem está na poltrona inferior, e ambos ficam com mais espaço. Ainda assim, há quem tenha achado o modelo claustrofóbico. E você, toparia viajar em um desses?
Fonte: viagemeturismo