No texto anterior, aprendemos que a virtude da lealdade ajuda as crianças e adolescentes a se comprometerem com as pessoas e também com os valores em que acreditam. Hoje, no último texto desta série, vamos conversar sobre aquela virtude que entusiasma os filhos a não desistirem de seus bons objetivos, apesar dos obstáculos: a perseverança.
Mas antes de começar este último texto da série Educar para as virtudes, gostaríamos de expressar nosso mais sincero agradecimento à querida psicóloga e orientadora familiar Lelia Cristina de Melo que, com toda sua generosidade, se dispôs a ser parceira do Sempre Família contribuindo semanalmente de forma tão sábia e especial com este trabalho que consideramos fundamental para as famílias.
Se hoje podemos usufruir de tantas invenções da humanidade, ferramentas, tecnologias, projetos, ou seja, do legado de homens e mulheres que fizeram a diferença no mundo, devemos isso à perseverança que essas pessoas tiveram. Sem perseverança nada se realiza, nada se conclui.
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“Um objetivo, um trabalho ou um projeto pode até ser muito lindo, muito edificante e necessário, mas se a pessoa não conclui, não vai até o fim, aquilo fica só na teoria. Sem a perseverança aquilo não se faz”, comenta Lelia Cristina de Melo, psicóloga clínica e orientadora familiar. E isso vale para grandes objetivos, mas também para as pequenas coisas do cotidiano: uma prova, uma lição de casa, uma tarefa doméstica, um almoço. “Toda atividade humana envolve a virtude da perseverança”.
Quem tem essa virtude é sempre muito consistente em tudo aquilo que se propõe a fazer e, para isso, também conta com uma segunda qualidade. “A virtude da perseverança é ‘prima’ da virtude da fortaleza porque é preciso ser muito forte para continuar apesar de eventuais obstáculos”, observa Lelia.
Quando e como começar a ensinar a virtude da perseverança aos filhos?
Já a partir de 1 ano e meio, 2 anos, a criança pode ser motivada pelos pais a perseverar nas mais simples atividades. “Se ela está guardando os brinquedos, por exemplo, não deve guardar só um ou dois, deve guardar todos. Se está fazendo a lição, mesma coisa”, sugere a psicóloga. Quando os pais passam desatentos por essas pequenas oportunidades, correm o risco de formar nos filhos o mau hábito de não perseverar.
“Os adultos educadores devem estar na linha de frente para não permitir que a criança seja guiada pela preguiça, pelo gostinho, pelo desejo de iniciar e não terminar as atividades, mesmo que sejam brincadeiras”, reforça. Além de educar e incentivar a perseverança nos pequenos e adolescentes, é importante não deixar de parabenizá-los quando concluem alguma tarefa. Isso porque enfatizar o fato de eles não terem desistido os inspira a continuar almejando bons objetivos e a querer vencer novos desafios.
A virtude traz boas consequências
Segundo a especialista, a virtude sempre pode ser incentivada pela própria virtude. Isto é, a boa consequência da perseverança já é, na verdade, uma satisfação em si. Então, a criança não precisa ganhar nada material quando consegue ir até o fim em algum objetivo, nem receber recompensas do tipo: “se você fizer toda a lição de casa, vai poder comer sobremesa”.
O exercício da virtude terá valor para os filhos quando eles compreenderem, com o passar do tempo, que terminar toda a tarefa é bom, arrumar o quarto é bom, guardar o que está fora do lugar é bom. E o papel dos pais é apontar tudo isso: “Olha, como é gostoso estar em um quarto arrumado”, “que bom que você conseguiu terminar toda a sua lição, agora está livre para fazer outras coisas, viu como é bom?”, etc.
Perseverança ou teimosia?
Às vezes, a persistência em alcançar certos objetivos se torna teimosia, o que passa muito longe da virtude. Mas como diferenciar obstinação de perseverança? De acordo com Lelia, ao perceber que aquela busca não está rendendo bons resultados e nem fazendo mais sentido, talvez tenha chegado a hora de abrir mão.
Para discernir da melhor maneira, o segredo é contar com pessoas de confiança e estar aberto a ouví-las com carinho nesses momentos. E, por isso, o papel dos pais, mais uma vez se comprova tão fundamental. Os filhos precisam saber que podem contar com os pais quando as coisas estão difíceis, quando os obstáculos parecem impossíveis de serem superados e também quando é hora de reavaliar as metas. Independentemente da situação, o coração dos pais precisa ser um lugar de apoio e acolhimento.
Dicas
Para ajudar no incentivo à virtude da perseverança, anote as dicas a seguir:
Fonte: semprefamilia.com.br