As notícias em tom alarmista sobre um asteroide que pode se chocar com a Terra em 2032 explodiram nos últimos dias, desde que a Nasa divulgou que as chances de colisão haviam aumentado para 2,3%. Conheça o asteroide 2024 YR4 – e por que você provavelmente não deveria se preocupar com ele agora.
O asteroide é conhecido desde 27 de dezembro de 2024, quando foi detectado pelo telescópio Asteroid Terrestrial-impact Last Alert System (ATLAS), que fica no Chile e é financiado pela Nasa. Ele é chamado de Asteroide Próximo da Terra, porque percorre uma órbita que passa por dentro do Sistema Solar e especialmente perto do nosso planeta.

Ele passou por perto da Terra em 25 de dezembro, o que possibilitou sua detecção. Mas essa não foi a sua primeira visita à vizinhança: cientistas calculam que ele tenha passado por perto de nós também em 2016, e agora procuram identificá-lo em registros anteriores. Se encontrarem, os pesquisadores ganham mais informações para calcular a rota o asteroide, o que provavelmente mudaria bruscamente sua a chance de colisão.
O fato é que ainda se sabe pouco sobre o 2024 YR4. Agora, telescópios de outros lugares do mundo o acompanham enquanto ele ainda está visível – uma condição que deve durar até abril de 2025, e só voltará a acontecer em 2028. Conforme novos registros e medições são realizados, os cálculos do risco são refeitos.
Quando foi detectado pela primeira vez, o cálculo apontava uma chance maior de 1% para uma colisão em 22 de dezembro de 2032. Agora, a chance foi aproximada para 2,3% – o que ainda indica uma probabilidade de 97,7% de que nada aconteça. Segundo os astrônomos da Nasa, é quase certo que as chances de um impacto continuarão a aumentar e diminuir à medida que a trajetória do asteroide ao redor do Sol for mais bem compreendida.
“Ninguém deve se preocupar com o fato de a probabilidade de impacto estar aumentando. Esse é o comportamento que nossa equipe esperava”, disse Paul Chodas, diretor do Centro de Estudos de Objetos Próximos da Terra da NASA, em um e-mail para a APNews. “Para ser claro, esperamos que a probabilidade de impacto caia para zero em algum momento.”
De qualquer forma, na hipótese do risco de colisão aumentar, a Nasa desenvolve há alguns anos estratégias para desviar corpos celestes que possam atingir a Terra. Em 2022, a agência investiu US$ 324,5 milhões (cerca de R$1,85 bilhão) no projeto DART, que desviou a órbita de dois asteroides experimentalmente. Eles não tinham risco de choque com o planeta, mas, se tivessem, a medida poderia ter funcionado para evitá-lo.

O que são asteroides e qual o risco do 2024 YR4?
Asteroides são rochas espaciais que orbitam o Sol e são consideravelmente menores do que os planetas – estima-se que o 2024 YR4 tenha entre 40 e 90 metros de diâmetro. Há milhões deles orbitando entre Marte e Júpiter, o que fez com que essa região fosse conhecida como Cinturão de Asteroides.
Às vezes, colisões e mudanças de órbita empurram os asteroides para fora dessa região – o que pode ter acontecido com o 2024 YR4. Não é incomum que corpos celestes como asteroides e meteoros entrem na atmosfera terrestre. Isso acontece todos os dias, mas as condições de compressão do ar na frente do corpo celeste enquanto ele entra na atmosfera são tão intensas que a maioria queima ou explode antes mesmo de tocar o solo.
Por isso, a maioria deles recebe nota 0 na escala de Turim, que vai de 0 a 10 para classificar o risco de potenciais impactos. O 2024 YR4 está no nível 3: tem mais de 1% de probabilidade de impacto e possui diâmetro entre 20 e 100 metros.

É raro que existam ameaças com essa classificação. Mas até classificações mais altas já foram neutralizadas no passado, como a do asteroide 99942 Apófis, que foi nível 4 na escala de Turim em 2004 e hoje está em zero.
Apesar das chances pequenas, o protocolo da Rede Internacional de Alerta de Asteroides estabelece que quando um evento ultrapassa 1% de probabilidade, é preciso acionar órgãos do governo dos EUA e da Organização das Nações Unidas (ONU) e comunicar o público.
Fonte: abril