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Ciência & Saúde

Assista ao vídeo: Lucy corre devagar, mas com habilidade!

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Lucy, um fóssil de um Australopithecus afarensis encontrado em 1974 na Etiópia é um dos achados mais célebres da arqueologia. Apesar dos 3,2 milhões de anos, o esqueleto de Lucy está bem preservado e, por muito tempo, sua espécie foi considerada a mais antiga da família dos hominídeos. 

Esse não é mais o caso, já que sabemos que existia uma variedade de espécies de hominídeos existindo ao mesmo tempo em diferentes locais da África. A evolução não é linear, como aquela velha imagem que mostra um macaco se erguendo cada vez mais até se tornar bípede e depois humano.

Ao invés de uma linha reta, a evolução dos humanos se parece mais com uma árvore, com muitos galhos e possibilidades.

Muitos outros fósseis de Australopithecus como Lucy foram encontrados nas últimas décadas. Os estudos desses materiais ainda revelam muito sobre como viviam os hominídeos extintos – um estudo recente mostrou, por exemplo, que a espécie de Lucy era vegetariana.

Um estudo publicado na revista Cell na última quinta-feira (6) se debruçou sobre os esqueletos de Australopithecus afarensis para tentar decifrar como era sua locomoção. A espécie já era bípede, mas o formato dos ossos das pernas e do quadril ainda os dava uma postura inclinada para frente.

Seus passos eram mais lentos do que os nossos, e não se sabia se esses hominídeos eram capaz de correr em pé. 

Talvez Lucy precisasse apoiar os braços no chão para correr, por exemplo. A principal dúvida estava relacionada à diferença anatômica das fibras musculares das pernas e do tendão de Aquiles. Mesmo sem tecidos moles preservados, os ossos guardam padrões deixados pelos músculos. Assim, cientistas podem estimar o tamanho e a capacidade de cada grupo muscular.

Nos humanos, o tendão de Aquiles, que fica na parte de trás do tornozelo, conecta os músculos da panturrilha e do tornozelo ao osso do calcanhar e funciona como uma mola: é o tendão mais forte do corpo. Esse arranjo anatômico proporciona aos humanos o tornozelo potente e eficiente, crucial para o alto desempenho na corrida.

A equipe utilizou uma simulação computadorizada que analisa a locomoção em humanos e outros animais. Eles adicionaram o esqueleto de Lucy e, em seguida, acrescentaram características musculares encontradas em macacos modernos para dar mais corpo a ela – e então colocaram o simulador em movimento.

A simulação também demonstrou que Lucy não conseguia correr tão rápido quanto os humanos modernos, provavelmente atingindo velocidades máximas de apenas 5 metros por segundo, ou 18 quilômetros por hora. Humanos modernos, podem, em média, correr a 8 metros por segundo ou 28 quilômetros por hora (o pico máximo de velocidade, alcançado por Usain Bolt numa corrida de 100 metros rasos, em 2009, é de 44,4 km/h). 

Os pesquisadores também testaram o gasto de energia dando a Lucy músculos de tornozelo mais parecidos com os dos humanos. Embora a velocidade tenha sido um pouco maior, ainda seria mais lenta do que humanos modernos.

Além disso, as simulações de gastos energéticos mostram que correr teria sido muito mais desgastante para Lucy, sugerindo que ela provavelmente só o teria feito quando fosse realmente necessário. 

O modelo da esquerda simula uma Lucy com músculos típicos de primatas mais primitivos, capaz de alcançar 2,28 metros por segundo (ou 8 km/h). Já na direita, o outro modelo incorpora os músculos de humanos modernos, e Lucy conseguiria chegar a 4,26 metros por segundo (15 km/h). Nas duas situações, a corrida seria bastante desgastante.

Os pesquisadores sugerem que mudanças no tendão de Aquiles e nas fibras musculares provavelmente permitiram que os hominídeos corressem cada vez melhor.  

“Esse contexto mais amplo, portanto, enfatiza o papel crucial do tendão de Aquiles e da arquitetura do tríceps sural na evolução da energia de corrida dos hominídeos”, escreveram os pesquisadores no estudo. “As principais características do plano do corpo humano evoluíram especificamente para melhorar o desempenho da corrida.”

Fonte: abril

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