O campus da UFMT em Cuiabá receberá, neste sábado (6), a primeira edição do projeto Fluxo-Artes Urbanas Multicoletivas, uma experiência que não é só evento: é ocupação, diálogo e fusão. O Fluxo – Artes Urbanas Multicoletivas nasce em um instante certo — aquele em que arte urbana deixa de ser periferia de conteúdo e se torna pulso que rege os encontros, tomam as ruas e se transforma no centro pulsante da cidade.
O projeto Fluxo, contemplado com recursos federais por meio da PNAB 2024 executada pela Prefeitura de Cuiabá, nasceu da visão de um grupo de jovens artistas e produtores culturais, uma nova geração que acumula aos seus múltiplos talentos as vivências e experiências do movimento artístico e cultural que pulsa nos bairros, nas praças, nos becos e na cena underground cuiabana.
Para quem gostou do que viu e vivenciou no Festival Calor e Cor, em que artistas locais e internacionais que ocuparam a UFMT, vai gostar e se surpreender ainda mais com o Fluxo, que oferece todo o protagonismo aos talentos locais. É a periferia fundindo-se para formar o verdadeiro centro das artes e cultura.
“É um movimento que visa mostrar a potência do grafite, da música, das artes plásticas, como demarcadores da ocupação e do pertencimento da cidade à quem vive nela. E é também um espaço-palco para a reflexão e visibilização dos olhares sobre a cidade e que se reinventam no spray, nas cores, nos sons, nas rimas, nos beats, nos debates, nas lutas”, argumenta Victor “Guma” Oliveira, um dos organizadores do Fluxo.
Os organizadores montaram uma grande de programação que promete marcar a história da cena cultural cuiabana. Às 16h tem início o Fluxo com a pintura ao vivo inaugurando o território da presença: é a arte que acontece no agora, feita para olhos que desbravam as paisagens e o grafismo da cidade e olfatos que sentem os aromas tinta compondo universos imagéticos em tempo real.
Às 17h, o Conduta do Gueto chega com a língua da rua como verso. O hip hop cuiabano encontra novamente sua voz, já lembrada em festivais que celebraram a cultura urbana como identidade e campo de luta.
O tempo muda de frequência às 18h, no Círculo de Mulheres — roda que respira afeto, escuta e potência feminina coletiva. É a presença do feminino que subverte e reequilibra. O ‘Círculo de Mulheres’, apresenta performance de bonecas híbridas. O Coletivo é formado pelas atrizes Maria Clara Bertúlio que dá vida a boneca Benzedeira Rosita, Millena Machado com a Epifânia, Juliana Graziela com a Índia Ró, e a atriz convidada Duda Dal Bello como a Pachamama.
As 19h Costak entra em cena e reafirma identidade, poesia e ritmo, mistura de verbo e som que derruba muros, literalmente.
À 20h, a batalha de rap é jogo de território e verso. As ruas tomam forma de poesia e música nos improvisos, numa pulsação hip hop que já dança na memória dessas quebradas.
No circuito, o público circula entre várias de poesia, feira gastronômica e de artes: mãos que tramam poesia, criam formas e manipulam as alquimias dos alimentos, emanam afetos, aromas, cores, formas e sabores.
Artesãos expõem suas criações entrelaçando a cultura e a economia de forma criativa na cena urbana, reforçando que arte não vive apenas nos museus e galerias, mas, sim vibra e pulsa na alma da comunidade.
E às 23h, a premiação e encerramento coroam esse dia como território de memória e celebração. Não é fim — é novo sopro, nova cor, nova rua.
Este festival não só ocupa espaços, ele expande. Integra corpo, rua, gênero, história e cor. Mostra que a cidade de concreto pode ser tela de memória. Que o campus é para ser ocupado pela vida, pelos saberes e expressões da comunidade. Que a rua fala, e merece ser ouvida.
O Fluxo Artes Urbanas Multicoletivas encontra ecos em eventos semelhantes que vem ocorrendo em todo o país, onde se intensificam a presença dos artistas de rua em espaços antes reservados para outras camadas da sociedade, especialmente aquelas que dominam o centro dos poderes econômicos e políticos. Com o Fluxo, Cuiabá se mostra uma cidade mais pluralista, mais acolhedora, que pinta, rapa, dança e reivindica o reconhecimento de suas raízes, de sua ancestralidade que tem seu centro de fato e de direito nas periferias.
Campus da UFMT, em frente ao Restaurante Universitário
6 de Setembro de 2025, das 16hs às 23h00
Fonte: hnt